Para fazer favor, ex-comandante encomendou morte de juíza Acioli

Sete PMs, entre eles os oficiais, estão presos em Bangu 1, presídio de segurança máxima.

Patrícia Acioli foi executada com 21 tiros no dia 11 de agosto | Reprodução
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"Você me faria um grande favor". A frase do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, 46 anos, ex-comandante do 7º Batalhão de Polícia Militar do Rio de Janeiro, ao seu braço-direito, o tenente Daniel dos Santos Benitez, 27, teria sido a senha para morte da juíza Patrícia Acioli. A revelação foi feita na sexta-feira por um dos 11 suspeitos de envolvimento no crime em depoimento de mais de quatro horas na 3ª Vara Criminal de Niterói. Ele é o segundo militar a aceitar a delação premiada - informações em troca de redução de pena. Sete PMs, entre eles os oficiais, estão presos em Bangu 1, presídio de segurança máxima da região.

Suspeito de fazer o levantamento da rotina e do endereço da casa da juíza, em Niterói, o PM reafirmou o esquema de corrupção montado pelo Grupamento de Ações Táticas (GAT) do batalhão, que renderia de R$ 10 mil a R$ 12 mil por semana, também chamado de "espólio". Ele contou que Benitez revelou a Oliveira que pretendia contratar uma milícia para matar a magistrada, mas que foi orientado a fazer o serviço com mais um, porque com mais de dois o crime não ficaria em segredo.

A sede de execuções do grupo ficou demonstrada ainda no depoimento do PM. Segundo ele, Benitez, inicialmente, pretendia matar um policial civil da 72ª Delegacia de Polícia, em São Gonçalo, por acreditar que o agente "distorcia" os autos de resistência (morte ao reagir a prisão) praticados pelo grupo. Benitez teria dito que o agente merecia "levar um rodo", ou seja, ser assassinado. O plano também teria o aval do tenente-coronel Oliveira, que havia esbravejado: "covardia se combate com covardia".

Benitez, no entanto, decidiu ir mais longe: achou que a morte da juíza era mais eficaz. "Se matasse somente o inspetor (..), o trabalho dela continuaria; e se matasse a juíza, o trabalho do inspetor perderia a força", afirmou o PM em depoimento. Segundo ele, o grupo não teria matado Patrícia se o tenente-coronel Oliveira tivesse impedido.

"Não temos a menor dúvida sobre a participação do tenente-coronel Cláudio. O depoimento do policial nos dá mais detalhes sobre a participação do oficial", afirmou o promotor Rubem Vianna, que participou do interrogatório do PM na Justiça. Terça-feira, o Ministério Público receberá o relatório da Divisão de Homicídios.

Cabo estaria obcecado pela morte de Patrícia Acioli

O ódio de Benitez contra a juíza Patrícia Acioli, executada com 21 tiros no dia 11 de agosto, teria sido uma das molas propulsoras para o crime. Segundo o depoimento do PM, a morte da magistrada era uma obsessão e que, para isso, Benitez passou até a dormir no 7º BPM. O policial revelou ainda que Benitez, em companhia da namorada, dias antes da execução seguiu a magistrada.

Segundo o delator, Benitez confessou que havia matado a juíza ao tenente-coronel Oliveira em visita deste à Unidade Prisional, antigo BEP, em Benfica. Mas alegou ter cometido o crime com um amigo do Rio, sem a participação de policiais do 7º BPM. Oliveira fora à unidade 13 vezes antes de ser preso como mentor do assassinato.

O soldado PM Handerson Lents, 27 anos, depôs na Delegacia de Homicídios por cerca de uma hora na sexta e negou envolvimento na morte da juíza. Segundo a Defensoria Pública, Lents mostrou a casa de Patrícia aos PMs acusados de matá-la porque eles disseram que investigavam o namorado dela, o PM Marcelo Poubel, que a agredira. A defesa pedirá a revogação da prisão de Lents, que foi levado para a Unidade Prisional, antigo BEP.



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