PF anuncia 51 presos por fraudar vestibulares e 19 foragidos

Polícia Federal cumpre 70 mandados de prisão na Operação Calouro. Valor das vagas girava em torno de R$ 45 mil a R$ 80 mil

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Cinquenta e uma pessoas foram presas em vários estados do Brasil e no Distrito Federal, até as 12h desta quinta-feira (13), segundo a Polícia Federal, suspeitas de participar de quadrilhas que fraudavam vestibulares de medicina em faculdades do país.O valor das vagas girava em torno de R$ 45 mil a R$ 80 mil. Em todo o país, a Justiça expediu 70 mandados de prisão, ou seja, 19 pessoas ainda estão foragidas. A PF informou que ainda divulga balanços parciais, por não ter chegado ao fim da operação e por que o delegado ainda vai decidir os tipos de prisão, a partir do caso de cada detido.

Através da Operação Calouro, os federais chegaram aos líderes do esquema e acreditam que mais de mil alunos teriam tentado se beneficiar dos serviços fraudulentos. De acordo com a PF, empresários, um médico, um engenheiro e um estudante de medicina comandavam as quadrilhas. O Conselho Regional de Medicina (CRM) disse que se realmente um médico teve participação no esquema, ele será investigado. O Ministério da Educação informou que, por enquanto, ainda não vai se posicionar sobre o caso.

Seis líderes foram presos em Goiás, entre eles um médico que já possui passagens pela polícia por tentativa de fraude em concurso público e formação de quadrilha. O sétimo é um estudante de medicina, detido em Minas Gerais durante a operação. Os presos responderão a inquérito pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, falsificação de documento, uso de documento falso e lavagem de dinheiro, segundo a Polícia Federal.

O delegado responsável pela operação, Leonardo Damasceno, enfatizou que as faculdades não têm envolvimento com as fraudes."São vítimas desses criminosos, pois as instituições querem os melhores alunos para seu quadro de estudantes. As instituições colaboraram muito com as investigações e seguiram à risca nossas orientações para assegurar as seleções", afirmou.

O esquema

O delegado detalhou que o esquema funcionava de duas maneiras. Na mais simples, uma pessoa envolvida na quadrilha falsificava documentos e fazia a prova no lugar do verdadeiro candidato. Essa pessoa que realizava a prova quase sempre era um aluno de medicina com boas notas na faculdade.

Na outra modalidade, um membro da quadrilha fazia a prova rapidamente e saia da sala. Esse falso candidato que resolvia a prova era chamado pelos integrantes das quadrilhas de "piloto", pois deveria ser rápido para resolver as questões, e também era aluno de medicina. De posse do gabarito, ele conferia o resultado e passava as informações por meio de uma escuta eletrônica ou por celular para o candidato. Antes da prova, os candidatos que contratavam os serviços das quadrilhas eram treinados para que soubessem como agir no momento de receber as respostas.

O valor do serviço contratado por um candidato girava entre R$ 45 mil a R$ 80 mil. O dinheiro só era entregue após o cliente/candidato ter sido aprovado na faculdade. O líder repassava para o "piloto" valores entre R$ 5 mil e R$ 15 mil. Parte do pagamento também era entregue ao "corretor", responsável por aliciar candidatos para entrarem no esquema. Essas pessoas, geralmente, eram médicos. O líder também possuía um assistente que treinava os candidatos/clientes para receber a cola, escolhia os equipamentos tecnológicos e falsificava os documentos.

A atuação

De acordo com a PF, as quadrilhas atuavam, na maioria das vezes, em faculdades particulares e algumas estaduais. Os nomes das faculdades não foram divulgados pela polícia, mas a estimativa é de que sejam pelo menos 30 unidades de ensino superior em todo o Brasil. "A carência de vagas na rede pública e a disputa acirrada tanto das federais quando nas particulares, alimenta esse tipo de esquema, uma vez que os candidatos se atraem pela facilidade. Essas quadrilhas investigadas não atuavam nas universidades federais devido ao Enem, uma seleção muito maior e com mais restrições no momento das provas", explicou o delegado. Somente no período de um ano e seis meses, foram registrados a atuação da quadrilha em 53 vestibulares.

A Polícia Federal comunicará às faculdades os candidatos que foram identificados durante as investigações. "Esses alunos não possuem um vínculo permanente com a quadrilha. Nós faremos uma notificação à Justiça para que seja comunicado oficialmente e, então, sejam excluídos da instituição os candidatos que conseguiram lograr êxito em passar em uma ou outra instituição", pontua o delegado.

Espírito Santo

No Espírito Santo, a última atuação da quadrilha foi abortada pela Polícia Federal. A tentativa aconteceu no vestibular do Centro Universitário do Espírito Santo - Unesc, no final de 2011. Os alunos concorriam a vagas no curso de medicina na cidade de Colatina, região Noroeste do estado, para iniciarem o curso em 2012.

Na época, um aluno de medicina utilizou um óculos com câmeras para registrar as questões das provas. Ele se candidatou para fazer a seleção e deveria sair com os registros da prova e resolver as questões. Os resultados seriam ser repassados para os aparelhos eletrônicos para os candidatos que estavam fazendo a prova e haviam contratado o serviço.

A polícia comunicou a Unesc, que conseguiu evitar a fraude, e os suspeitos foram detidos pela Polícia Civil pelos crimes de falsidade ideológica. "Na época, tínhamos apenas as informações de duas quadrilhas, mas por meio das investigações baseadas nessa prisão, descobrimos que eram muitos mais fraudadores", afirmou Damasceno.



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