Polícia faz reconstituição, com participação do primo do goleiro Bruno, no sítio do jogador

A polícia ainda investiga a participação de uma 11ª pessoa no crime, que teria ajudado a esconder o corpo de Eliza

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Sítio de Bruno | Reprodução G1
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Na noite desta terça-feira, Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, foi visto dentro da casa do sítio do goleiro participando de uma espécie de reconstituição do dia em que a ex-amante do jogador, Eliza Samudio, saiu em um veículo com Macarrão e o outro primo de Bruno, o menor que delatou o suposto assassinato. Junto aos policiais, ele percorreu os dois andares da casa e também o quintal.

Na saída do sítio, por volta da 0h30 de quarta-feira, a delegada Alessandra Wilke afirmou que foram utilizadas novas técnicas de perícia e novas buscas. "Vamos aguardar o resultado dos exames para dizer qualquer coisa", disse. Seis viaturas deixaram o local após o fim das buscas. A Polícia Civil de Minas Gerais retomou as buscas no sítio do goleiro Bruno, do Flamengo, na tarde desta terça-feira.

Segundo o delegado Edson Moreira, trata-se de uma vistoria, porque "um fato novo aconteceu". A delegada Alessandra Wilke participou dos trabalhos, que também contariam com a presença de peritos do Instituto de Criminalística. Trinta agentes da Delegacia de Homicídios mineira além dos peritos vasculharam a Chácara e se concentraram em um dos quartos do primeiro andar, à procura de fios de cabelo, pedaços de unha e vestígios de sangue.

O local, segundo as investigações, teria servido como cativeiro para Eliza Samudio, mas apenas depoimentos indicam que ela e a criança estiveram por lá. A polícia ainda investiga a participação de uma 11ª pessoa no crime, que teria ajudado a esconder o corpo de Eliza. Justamente por isso, a história mais chocante de toda a trama está em xeque. Apesar dos relatos do menor J. de que a estudante teria sido esquartejada e seus restos mortais jogados aos cães, a polícia mineira trabalha com a hipótese de que a versão do primo de Bruno é fantasiosa.

O diretor do Instituto de Criminalística, Sérgio Ribeiro, admite que há poucas chances de encontrar provas de que Eliza fora realmente esquartejada ali. "Se ela morreu por estrangulamento, como indicam os relatos, dificilmente haveria sangramento. Poderia acontecer, mas não é tão comum. Jogamos luminol em tudo e nem no canil encontramos qualquer vestígio de sangue.

Esta é a parte da história em que há pouca veracidade", afirmou. Na casa de Bruno, peritos usaram luminol no quarto do primeiro andar e em um tapete da sala para tentar encontrar vestígios de Eliza. Os policiais também procuraram provas técnicas próximo à cisterna, nos fundos do sítio, onde o álbum de fotografias de Eliza com o filho foi achado queimado há três dias. Há denúncias de que ali também teriam sido destruídas as roupas da moça e do bebê.

Como ainda não há pistas sobre o corpo de Eliza, investigadores acreditam que Bola poderia ter queimado ou enterrado os restos mortais da jovem em local onde nem Bruno nem Macarrão saberiam - daí a suspeita de mais um envolvido. "Provavelmente só o Marcos e alguém que tenha o ajudado sabe onde esta o corpo", disse um policial. O delegado Edson Moreira, diretor do Departamento de Investigações de Homicídios, já havia afirmado que 80% dos depoimentos eram verdadeiros dos acusados e o restante precisava ser verificado. "Se fosse verdade que a Eliza foi desossada, esse processo espalharia sangue por toda parte", disse.

Outro lugar também foi vistoriado pela Polícia Civil de Minas, com apoio do Corpo de Bombeiros. Os agentes vasculharam e fizeram escavações em um terreno baldio localizado no condomínio Recanto Verde, em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte. Esta foi a primeira vez que os investigadores foram até o local. Segundo a polícia, porém, nada foi encontrado. As buscas haviam sido suspensas na sexta-feira e, segundo a polícia, só seriam retomadas após novos depoimentos serem ouvidos.

Na segunda-feira, três suspeitos voltaram a falar e hoje o adolescente, de 17 anos, foi transferido do Rio de Janeiro para Minas Gerais. Ele passou por interrogatório em Contagem. O defensor público José Roberto Cordoval Jr. foi designado para acompanhá-lo.

Logo depois do depoimento, foi realizada uma audiência, e o Juizado da Infância e Juventude de Contagem determinou a detenção do jovem, pelo período de 45 dias, após representação do Ministério Público por sequestro, homicídio e ocultação de cadáver. Na segunda-feira, de acordo com o advogado Frederico Franco, Wemerson Marques de Sousa, o Coxinha, Elenilson Vítor da Silva e Flávio Caetano de Araújo prestaram o depoimento separados, cada um para um investigador.

Os trabalhos foram conduzidos pelos delegados Júlio Wilke, Alessandra Wilke e Ana Maria Santos. O defensor afirmou que eles apenas confirmaram as informações que já haviam apresentado à polícia, mas não responderam as novas perguntas. O caso Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Durante a investigação, testemunhas confirmaram à polícia que viram Eliza, o filho e Bruno na propriedade. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayane Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade.

No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado. Por ter mentido à polícia, Dayane Souza foi presa. Contudo, após conseguir um alvará, foi colocada em liberdade. O bebê foi entregue ao avô materno. Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada.

O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em depoimento, admitiu participação no crime. Segundo o delegado-geral do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Minas Gerais, Edson Moreira, o menor apreendido relatou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, estrangulou Eliza até a morte e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães. Segundo o delegado, no dia do crime, o goleiro saiu do sítio com Eliza e voltou sem ela, o que indicaria que o goleiro presenciou a ação.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Os três negam participação no desaparecimento. A versão do goleiro e da mulher é de que Eliza abandonou o filho. No dia 8, a avó materna obteve a guarda judicial da criança.



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