Polícia Federal usa tecnologia para identificar amostras de garimpo ilegal

Peritos recorreram ao Sirius, em Campinas (SP), para analisar 57 amostras e identificar, com o auxílio do acelerador de partículas

Polícia Federal recorreu ao Sirius, superlaboratório em Campinas (SP), para analisar amostras na tentativa de descobrir o "DNA" do ouro brasileiro | Foto: Pedro Santana/EPTV
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A Polícia Federal (PF) está utilizando tecnologia avançada para determinar se amostras de ouro apreendidas foram extraídas ilegalmente de reservas indígenas no Brasil. A busca pelo "DNA do ouro" está sendo conduzida com o auxílio do Sirius, um superlaboratório que opera como um "raio X superpotente". 

PELA PRIMEIRA VEZ NO BRASIL: Esta iniciativa inédita no Brasil visa fortalecer as medidas de rastreabilidade para combater a extração e o comércio ilegal do metal, que está se expandindo em terras indígenas e unidades de conservação. Agentes da Polícia Federal de Brasília (DF) visitaram o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) em Campinas (SP), onde 57 amostras de ouro, muitas delas suspeitas de terem origem ilícita, foram analisadas com o auxílio do acelerador de partículas. 

DNA DO OURO: A operação, conduzida com o auxílio da estrutura científica mais complexa do Brasil, envolve a colaboração de pesquisadores de quatro universidades, incluindo a USP, e tem como objetivo determinar a origem do ouro apreendido. Conforme o Instituto Escolhas, uma organização que investiga atividades ilegais relacionadas ao ouro no país, até 54% da produção nacional está sob suspeita de ilegalidade. Em 2021, foram registradas 52,8 toneladas de ouro com "graves indícios de ilegalidade". 

RASTREABILIDADE DO OURO: O resultado da análise conduzida no Sirius, com previsão de conclusão em até dois meses, será confrontado com o banco de dados mantido pela Polícia Federal desde 2021, conhecido como Banpa (Banco Nacional Forense de Perfis Auríferos). Os materiais em análise provêm de diversas regiões do Brasil, conforme explicam os peritos da PF. Este trabalho opera em duas frentes: uma relacionada à identificação do local de origem, como terras indígenas, onde são coletadas amostras de referência, e outra focada em materiais suspeitos de terem sido obtidos de forma ilícita. 

EXTRAÇÃO É UM PROBLEMA ANTIGO: De acordo com Larissa, uma pesquisadora do Instituto Escolhas, a extração ilegal é um problema persistente que se intensificou nos últimos anos. Ela explica que, entre 2012 e 2022, a área dos garimpos na Amazônia dobrou de tamanho, e os impactos começaram a ser mais evidentes. A pesquisadora identifica três fatores cruciais para essa rápida expansão na última década: o uso de máquinas pesadas para abrir novos garimpos, uma legislação que muitas vezes tolera essas atividades ilegais e o aumento do preço do ouro no mercado internacional. Em maio de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade suspender a presunção da "boa-fé" no comércio de ouro. Além disso, um projeto aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado também revoga essa medida. 

LABORATÓRIO SIRIUS: O Sirius, considerado o principal projeto científico brasileiro, é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração. Ele opera como um "raio X superpotente", capaz de analisar uma variedade de materiais em escalas que vão desde átomos até moléculas.



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