PM já tem pista de homem que atropelou gay com van três vezes

Imagens de câmeras de segurança mostram parte de placa de van usada no crime

Enterro de Eliwellton da Silva Lessa, atropelado por van | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Nascido e criado em Raul Bastos, uma localidade de Alcântara, em São Gonçalo, Eliwellton da Silva Lessa nunca tinha, em seus 22 anos de vida, se afastado muito da vizinhança. O Rio de Janeiro, por exemplo, nem conhecia. Há três meses, no entanto, conseguiu um emprego de faxineiro numa academia de ginástica de Botafogo. Foi o que bastou para que ele se apaixonasse pela cidade e começasse a traçar planos de economizar parte do salário para deixar a casa que dividia com a mãe e alugar um quarto em Copacabana. O sonho de Eliwellton foi interrompido brutalmente na madrugada de segunda-feira. Quando passava com dois amigos por uma das avenidas mais movimentadas de Alcântara, ele foi xingado por ser gay e se envolveu numa briga. Minutos depois, o homem que começou a confusão voltou dirigindo uma van e atropelou Eliwellton, passando o veículo três vezes por cima dele, que morreu quinta-feira.

A polícia já conseguiu, através de câmeras de vídeo da vizinhança, ver o momento em que Eliwellton foi atingido. A placa da van foi identificada parcialmente ? apenas os números estão visíveis na filmagem. Veloso diz, porém, acreditar que, ainda neste fim de semana, o agressor, conhecido pelo apelido de "Papai? estará identificado e com o pedido de prisão expedido. Apesar de amigos garantirem que o crime foi homofóbico, o caso foi registrado na 74ª DP (Alcântara), que investiga o caso, como homicídio doloso.

? Entre a briga e o atropelamento se passaram quase vinte minutos. O começo de tudo pode ter sido homofóbico, mas o desfecho foi por vingança ? diz o delegado Alexandre Veloso.

O jovem teve a coluna quebrada em três lugares, fraturou três costelas, quebrou a bacia e teve o pulmão perfurado. Mas ficou lúcido ao ser socorrido e chegou a insistir com os enfermeiros do hospital Alberto Torres, para onde foi levado, que guardassem seus tênis porque ele ?tinham custado R$ 200?.

Na tarde de sexta-feira, após o sepultamento de Eliwellton no Cemitério do Pacheco, os dois amigos que testemunharam o atropelamento deram detalhes da agressão:

?Estávamos caminhando pela rua, conversando, quando um homem começou a mandar beijinhos, nos chamar de gays. Wliwellton reclamou e começou uma briga. O cara pegou uma barra de ferro, tivemos que apartar a briga. Quanto tudo acabou, saímos caminhando para um ponto de mototáxi. A van veio correndo. O motorista jogou o carro em cima da gente. Eu escapei, mas ela acertou o Eliwellton. O cara passou três vezes por cima dele. Não dá para entender ? contou um dos amigos.

Um deles contou que Eliwellton estava entusiasmado com a festa que daria, no dia 23 de junho, na casa de uma amiga, para comemorar seu aniversário de 23 anos.

? Ele estava pensando em comprar 20 caixas de cerveja. Ele convidava todo mundo que ele encontrava na rua. Era um cara festivo, crianção ? disse Bruno Assis.

Após o sepultamento, um grupo de amigos do jovem, todos do mesmo terreiro de umbanda que Eliwellton frequentava há 7 anos, fizeram protestos na Estrada do Pacheco. Eles queimaram galhos de árvores e chegaram a interromper o trânsito pedindo justiça. A mãe do jovem, que trabalhava com ele, também como faxineira, na academia de Botafogo, foi embora amparada por parentes.

O coordenador do Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento, esteve na delegacia para acompanhar o caso. Ele pede que qualquer homossexual agredido em São Gonçalo pelo mesmo motorista entre em contato pelo Disque-Cidadania LGBT (0800-0234567).



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Avalie a matéria:
Tópicos
SEÇÕES