Policiais podem ter participado da morte do primo de Bruno

A corregedoria assumiu as investigações do crime nesta segunda-feira a pedido da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de Minas Gerais

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Primo de Bruno foi assassinado | Divulgação
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O corregedor geral da Polícia Civil de Minas Gerais, Renato Patrício Teixeira, disse, nesta segunda-feira, que uma das linhas de investigação por parte da corporação é a possível participação de policiais na morte do primo do goleiro Bruno Fernandes, Sérgio Rosa Sales, assassinado com seis tiros na última quarta-feira.

A corregedoria assumiu as investigações do crime nesta segunda-feira a pedido da Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de Minas Gerais. "Nenhuma linha de investigação pode ser descartada. Não queremos afirmar que isso tenha existido, mas é uma linha a ser checada. A Corregedoria de Polícia tem atribuição legal para apurar todos os fatos que porventura envolvam policiais civis", informou.

O delegado disse ainda que a corregedoria resolveu assumir as investigações porque "já havia um inquérito anterior em curso que dizia respeito a eventuais abusos praticados por policiais civis ao longo das investigações inerentes ao episódio de Eliza Samudio. Por conta disso, o Ministério Público (MP), juntamente com a corregedoria, entendeu por bem que as investigações, não só em relação ao fato anterior, como também essas relacionadas ao homicídio do Sérgio, viessem a ser conduzidas pela Corregedoria de Polícia", afirmou.

"O Sérgio, quando ouvido em juízo na Comarca de Contagem, alegou que alguns policiais civis empenhados nas investigações do homicídio e desaparecimento de Eliza Samúdio teriam praticado abusos físicos em relação a ele. Esse inquérito policial tramita na corregedoria há alguns meses, contando com a manifestação do Ministério Público (MP) em todas as vezes, para dar ciência ao Ministério Público e Judiciário do que está sendo feito", afirmou Teixeira. "Até então existe tão somente no inquérito anterior a alegação do Sérgio dizendo-se vítima desses abusos. O fato de vir para a corregedoria significa dizer que a Polícia Civil deseja transparências nessas investigações," concluiu.

O caso Bruno

Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A então mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.



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