Preso finge ser padre e aplica golpes: “Momentos de terror”, afirma vítima

Preso extorquia dinheiro de parentes de doentes fingindo ser padre e médico.

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Uma aposentada de 45 anos, que preferiu não ter o nome divulgado, diz que viveu ?momentos de terror? ao ser informada que a filha, de 28 anos, estava com um tumor no pulmão. Ela foi uma das vítimas de um golpe aplicado em familiares de pacientes internados em clínicas e hospitais de Campo Grande. O suspeito pelos crimes é o detento do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, Valfrido Gonzales Filho, de 34 anos. Ele prestou depoimento na 1ª Delegacia de Polícia Civil nesta terça-feira (11).

Segundo o delegado Wellington de Oliveira, que investiga o caso, o suspeito se passava por médico e até por padre, conseguindo dinheiro das vítimas. A estimativa é que ele tenha recebido aproximadamente R$ 25 mil. O detento negou todas as acusações, mas segundo o delegado, ele confessou os crimes durante o depoimento.

A aposentada relatou que a filha teve pedras na vesícula e precisou passar por uma cirurgia. Ela foi internada no dia 28 de maio no Hospital Adventista do Pênfigo. No dia seguinte, 29 de maio, a aposentada recebeu uma ligação. ?Ele ligou no celular do meu filho e se passou pelo médico que estava cuidando da minha filha?, contou.

O golpista disse para a mãe que, após a cirurgia, a filha foi submetida a uma radiografia e que ele detectou um tumor no pulmão dela. Ele disse ainda, que a jovem precisaria ser submetida a um exame mais detalhado, mas que antes, precisaria tomar um medicamento que custava cerca de R$ 4,5 mil, que teria que ser comprado à parte.

?Tudo que ele disse, somente o médico sabia, somente gente lá de dentro do hospital sabia?, afirmou ela. A aposentada lembra que o ?médico? propôs a venda do remédio pela metade do preço, mas ela disse que não tinha o dinheiro.

Ainda segundo a vítima, o golpista disse que tinha uma amiga, dona de um laboratório, e que ia entrar em contato com ela para ver se conseguia um desconto. ?Cinco minutos depois ele me ligou e disse que eu poderia comprar por R$ 980. Eu disse que ia conseguir o dinheiro?, contou.

Com a orientação do golpista, a aposentada depositou o valor na conta de uma mulher, que ele disse ser a dona do laboratório.

A mãe diz que não lamenta a perda do dinheiro, mas o que passou. ? O mais grave foi que ele me disse que a minha filha estava com um tumor. Eu vivi momentos de terror por causa disso?, afirmou ela. ?Ainda estou em estado de choque, estou abalada".

Golpe

Segundo a Polícia Civil, o detento estava praticando os golpes há cerca de 10 dias. Ele usava o celular para fazer ligações de dentro do presídio para hospitais e clínicas e se identificava como padre ou como médico para conseguir informações sobre pacientes em estado grave ou que haviam passado por cirurgia.

Quando se passava por padre, dizia aos funcionários da clínica que queria fazer a unção dos enfermos (rito cristão para enfermos) e pedia informações sobre o estado de saúde do paciente, além do contato dos familiares.

Segundo a polícia, após conseguir o contato, o suspeito ligava para os familiares do paciente e dizia que era médico. Gonzales Filho, de acordo com o delegado, explicava que a pessoa teria que ser submetida a outra cirurgia ou novos exames que o convênio de saúde não cobria. Depois disso, o suspeito pedia dinheiro e orientava que o depósito deveria ser feito em diversas contas bancárias.

Conforme Oliveira, o detento até negociava com a família do paciente. ?Ele dizia que conseguia desconto nos preços, reduzia os valores?, explicou o delegado. A polícia descobriu cinco casos de estelionato e uma tentativa. Em um dos golpes, o suspeito chegou a receber R$ 16 mil em depósitos.

Denúncias

A polícia recebeu as primeiras denúncias no dia 29 de maio. O suspeito foi identificado depois que uma das contas bancárias repassadas às vítimas foi rastreada pela polícia. ?Descobrimos que a conta era do familiar de um detento que estava na mesma cela que ele?, explicou Oliveira.

Segundo a Polícia Civil, o homem está preso desde agosto de 2012, quando foi condenado por estelionato. Em junho daquele ano, conforme dados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), ele havia perdido o benefício da regressão do regime, por falta grave.



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