Irmão de Rogério Pires, caseiro do coronel Paulo Malhães, é preso; veja

Com Anderson, de 26 anos, a polícia recuperou três armas que pertenciam ao militar

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Equipes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense prenderam nesta sexta-feira, por volta de 7h, Anderson Pires Teles, irmão do caseiro Rogério Pires e um dos acusados da morte do tenente-coronel reformado Paulo Malhães, no dia 24 de abril. Ele estava dormindo ao lado da mulher. Com Anderson, de 26 anos, a polícia recuperou três armas que pertenciam ao militar (uma pistola, uma submetralhadora e uma carabina), além de outras seis que não pertenciam ao militar.

Agentes da DH-Baixada ainda fazem buscas na favela Vila Norma, em Santa Cruz, para localizar outro irmão do caseiro, Rodrigo Pires, que também estaria envolvido no crime. Paulo Malhães foi encontrado morto, em seu sítio em Nova Iguaçu, cerca de um mês depois de revelar à Comissão Nacional da Verdade (CNV) o que os torturadores do regime militar faziam para desaparecer com os corpos de suas vítimas. A casa do militar foi invadida por três pessoas. Duas delas, segundo a polícia, seriam os irmãos Rodrigo e Anderson, que tiveram o acesso facilitado pelo caseiro.

Uma das pistolas que estava com Anderson tem o brasão do exército. A polícia aguarda a viúva de Malhães para o reconhecimento do armamento.

As demais armas encontradas com Anderson, além da pistola, são: uma submetralhadora Ina, um rifle Winchester 38, duas escopetas calibre 12 e dois fuzis. A pistola foi encontrada nas mãos de Anderson, que dormia em casa, ao lado da mulher na rua Maninbu. As outras armas foram encontradas escondidas atrás de uma caixa d?água na lage da casa vizinha, que pertence à mãe do pedreiro.

Anderson não reagiu. Porém, ao pedir para a polícia que tirassem as algemas para que ele pudesse localizar as armas que estariam, segundo ele, enterradas em um sítio a poucos metros da sua residência, o pedreiro tentou fugir. Ele foi agarrado pelos policiais e novamente algemado.

O delegado Pedro Medina, titular da Divisão de Homicídios da Baixada, disse que, em conversa informal com a polícia, Anderson teria confessado a invasão do sítio de Malhães e o roubo das armas, mas negou sua participação no assassinato do coronel.

Medina disse também que algumas das armas, por serem antigas, podem ter sido usadas por Malhães no período da repressão política, razão pela qual não vê obstáculos para que elas sejam confrontadas por exames de balística em projetis encontrados nos corpos de vítimas do regimes militar. Segundo ele, as armas ficarão em depósito policial e poderão ser solicitadas pelas comissões da verdade e pelo Ministério Público Federal.

Malhães vivia desconfiado

Paulo Malhães era um homem desconfiado. Depois da primeira entrevista sobre a Casa da Morte de Petrópolis, há dois anos, acusou médicos de um posto público de Nova Iguaçu, onde morava, de tentarem inocular-lhe um ?câncer de garganta". Nunca explicou como isso seria possível. Porém, apesar da paranoia, valia-se apenas da fama de mau ? discretamente, os vizinhos diziam que Malhães liderava um grupo de extermínio na região ? e de alguns cães vira-latas para protegê-lo no sítio onde morava em Ipiranga, bairro rural de Nova Iguaçu. Acreditava que ninguém teria coragem de enfrentá-lo em casa.

Foi nesse sítio, em 2012, que ele recebeu, irritado, dois jornalistas que tentavam entrevistá-lo sobre a ditadura. Depois de alguns impropérios, entre os quais a advertência de que não esquecera como se atira, Malhães abriu a porteira do sítio e de sua memória aos visitantes. Os segredos da Casa da Morte, o centro clandestino que a repressão manteve em Petrópolis na primeira metade dos anos 1970, foi a primeira de uma série de revelações que culminaria no depoimento de Malhães à Comissão Nacional da Verdade, há um mês.



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