Presos mantêm penitenciária sem água e luz durante rebelião

Duas pessoas são mantidas reféns dentro do complexo prisional

Presos ocupam telhado de pavilhão da Nelson Hungria, em Contagem | Reprodução
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Dura mais de 21 horas a rebelião na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Duas pessoas, uma professora e um agente penitenciário, são mantidas reféns por cerca de 90 presos. Os 103 detentos do pavilhão 1 da Penitenciária Nelson Hungria ? onde acontece o motim ? estão sem água e luz desde a tarde desta quinta-feira (21) e sem alimentação desde a manhã, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social. Um gabinete de crise, com autoridades policiais e do governo, negocia um acordo para encerrar o motim, que começou logo no início do dia.

A professora passou mal no início da tarde, e precisou ser medicada. De acordo com o comandante do policiamento especializado da Polícia Militar, coronel Antônio Carvalho, ela teve queda de pressão. A secretaria informou que até as 20h, os reféns passavam bem e não estavam feridos.

Às 20h30, um assessor da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que as negociações estavam ?avançando? e ?caminhando para o final?. Porém, uma fonte que não quis se identificar esteve dentro da penitenciária e informou que, por volta das 19h, os detentos rebelados entregaram uma lista de reivindicações para a polícia. Segundo a fonte, um acordo chegou a ser feito. Mas, posteriormente ao acerto para o fim da rebelião, os detentos pediram a troca do diretor do presídio. A nova reivindicação não foi atendida, conforme informou uma fonte.

Sem acordo, as negociações continuam. Por volta das 20h20, um ônibus do batalhão de choque da Polícia Militar entrou na Nelson Hungria. Três ambulâncias saíram da penitenciária entre a tarde e a noite e um helicóptero da PM sobrevoou a área durante todo o dia. Mais cedo, detentos de outro pavilhão, não envolvidos no motim, gritavam ?socorro?.

De acordo com a Seds, 210 policiais militares, 30 agentes penitenciários do Comando de Operações Especiais (Cope), além de autoridades da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) e da Polícia Civil estão envolvidos na ação.

A secretaria informou que o líder do movimento é o detento Daniel Cypriano, de 29 anos. Ele tem seis condenações: cinco por roubo e uma por homicídio e cumpre pena na penitenciária desde agosto de 2011.

Reivindicações

O subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade de Oliveira, disse que os presos reclamam da demora na autorização de visitas e na proibição da entrada de mulheres grávidas nos pavilhões. Atualmente, as visitas por grávidas são feitas em uma sala especial, com a presença de um agente penitenciário. Os detentos ainda se queixam da direção do presídio, de espancamento e pedem revisão de pena.

O subsecretário disse que a informação da existência de duas armas na rebelião não foi confirmada. Um preso concentra a negociação com policiais do Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate), por meio do rádio. Sobre a denúncia dos presos de que eles estariam sofrendo espancamento, Oliveira disse que nunca ouviu nenhuma denúncia deste tipo na unidade, mas que vai apurar. O subsecretário ainda falou que a revista geral em cada cela é feita rotineiramente no presídio. E que está previsto para o fim do ano a instalação de equipamentos de bloqueio de sinal de telefones celulares na unidade.

Goleiro Bruno

No pavilhão 1 estão presos condenados por por crimes como tráfico de drogas, furto e roubo. Este fica ao lado de onde está detido o goleiro Bruno Fernandes, pavilhão 4. Bruno é réu no processo de desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. Além de Bruno, está detido pavilhão 7 o amigo dele Luiz Henrique Romão, o Macarrão.

Na noite desta quinta-feira, o promotor do caso Eliza Samudio, Henry Wagner, chegou à penitenciária. Indagado sobre o que iria fazer no local, ele disse: ?vou me interar?.

Começo da rebelião

Durante a manhã, os presos saíram das celas e ocuparam o pátio. Eles queimaram colchões e usaram pedaços de tecidos para tentar escapar do pavilhão pelo telhado. Neste momento, foram usadas bombas de efeito moral para evitar uma possível fuga, segundo major Sérgio Dourado, da Polícia Militar. Os detentos também usaram o que parece ser roupa de cama para escrever as palavras "opressão" e "sistema" no chão do pátio do pavilhão.

O motim começou quando a professora, que é uma das reféns, dava aula para alguns dos detentos, pelo ensino fundamental, e era escoltada pelo agente, que também está em poder dos rebelados. Ele chegou a ser ameaçado por presos com uma barra de ferro. Segundo o coronel, este foi o momento de maior tensão da rebelião.

Um início de rebelião foi controlada no pavilhão 6, onde detentos jogaram colchões incendiados da janela.

A auxiliar de enfermagem Júlia Delfim, que é amiga da professora feita refém, disse que a professora gostava de dar aulas para os presidiários. A professora teria lhe dito que. em 12 anos de profissão dentro da Nelson Hungria, não houve nenhum registro de confusão entre ela e os detentos.



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