Presos por desvio e até homicídio, políticos fazem festinha na cadeia

A “festinha” foi liberada pela Justiça.

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A Justiça de Alagoas autorizou que um prefeito preso cinco vezes em três operações da Polícia Federal e um ex-deputado federal, também preso, por assassinato, comemorassem a festa de Natal na carceragem da Casa de Custódia em Maceió, com direito a fotografia, peru assado, tender e torta. As imagens foram parar na internet.

Na foto, aparecem o prefeito da cidade de Traipu, afastado do cargo por desvio de verbas de merenda escolar, Marcos Santos (PTB), a mulher dele, Julianna Kummer, o ex-deputado federal acusado de homicídio Francisco Tenório (PMN) e a mulher dele, a prefeita de Chã Preta, Rita Tenório. Dividem ainda a foto os filhos dos dois políticos. As imagens foram postadas no site Facebook e, logo depois, retiradas do ar.

A diretora da Casa de Custódia, Maria Gorete, disse que a ceia de Natal foi realizada no dia 24 de dezembro. "Era dia de visita, o juiz autorizou, nada está fora da normalidade. Trabalhei no Manicômio Judiciário, lá fazíamos São João e outras festas. Não sei porque isso chama a atenção da imprensa", disse.

Questionada sobre a quantidade de pessoas na carceragem - 16 -, discordou: "Não tem uma quantidade grande. Só o doutor Chico, filha, sobrinho, e o pessoal da parte do Marcos Santos."

Na Casa de Custódia, as visitas do dia 24 foram das 8h às 18h. Mas, segundo o juiz da Vara de Execuções Penais, José Braga Netto, o horário foi estendido, a pedido dos presos. "A diretora da Casa de Custódia me ligou e me pediu que a família ficasse até as 21h. Autorizei. Foi tudo feito dentro da legalidade. Na Casa de Custódia havia três presos no dia da visita", disse o magistrado.

Além de Marcos Santos e Francisco Tenório, estava preso o ex-deputado José Maria Tenório, irmão de Francisco. Ele não aparece na foto.

Marcos Santos é acusado de desviar R$ 16 milhões, em três operações da Polícia Federal, todas por corrupção. Foi preso cinco vezes. Em outubro do ano passado, ele escapou do cerco policial na cidade de Traipu, a segunda mais pobre do Brasil: ele fugiu de lancha pelo rio São Francisco.

Segundo a PF, ele desviou o dinheiro da merenda escolar e do transporte escolar para comprar fazendas, carros de luxo, caçambas e uma lancha. Nas escolas de Traipu, as crianças comiam bolacha com suco em pó, misturado à água. Em uma das ações, o Ministério Público Federal pede 100 anos de prisão ao prefeito, afastado por ordem da Justiça Federal.

Francisco Tenório é acusado de participar de um consórcio de deputados para matar o cabo da Polícia Militar, José Gonçalves, na década de 90. Após o crime, segundo as investigações, houve uma festa na fazenda do vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Antônio Albuquerque (PT do B), outro acusado pelo crime.

Além disso, Tenório foi indiciado pela Polícia Federal nas investigações da Operação Taturana. Segundo a PF, ele participou de uma organização criminosa que desviou R$ 300 milhões da folha de pagamento da Assembleia Legislativa.

Alagoas tem 500 presos sob custódia, espalhados em delegacias. Desses locais, 13% estão com os prédios condenados. Não há registros de festas de Natal realizado nas outras carceragens. "Administrar três presos é diferente de administrar todos em uma comemoração", disse o juiz Braga Netto.



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