Promotoria descobre “ponto cego” no prédio onde vivia Matsunaga

Elize pode ter tido ajuda na morte de seu marido, Marcos Matsunaga

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O prédio do casal Matsunaga, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, tem um ponto cego entre a garagem e a área de serviço do apartamento onde Marcos, executivo da Yoki, foi esquartejado pela mulher Elize. A possibilidade de entrada e saída do edifício sem monitoramento pelas câmeras reforça a suspeita da participação de outra pessoa na execução do crime, afirma o Ministério Público.

Laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou a presença de material genético masculino no apartamento incompatível ao de Marcos e Elize, um indicativo de que outra pessoa esteve no local. A perícia também constatou dois tipos de cortes diferentes no corpo do executivo, um deles com precisão cirúrgica e o outro de alguém sem conhecimento técnico. O resultado desses exames fez com que o Ministério Público exigisse um outro inquérito policial.

A existência do ponto cego no prédio dos Matsunaga foi confirmada pelo síndico e subsíndico do edífício e reforçada por Luiz Carlos Lózio, funcionário da Yoki e amigo de Marcos, que prestou depoimento na quarta-feira.

Durante a investigação, a polícia sempre descartou a hipótese de Elize ter um comparsa. A prova usada para sustentar essa tese era a imagem das câmeras do elevador que mostram a acusada saindo do prédio sozinha com três malas.

Elize sabia do ponto cego. Ela chegou a fazer comentários sobre a falha no sistema de monitoramento do edifício a uma testemunha que já prestou depoimento à polícia.

O promotor José Carlos Cosenzo, responsável pela denúncia de Elize, diz que a descoberta abre um leque de possibilidades para coautoria do assassinato. Dez pessoas que tinham acesso ao apartamento serão submetidas a exame de DNA. "Tecnicamente, existe a certeza de uma terceira pessoa no momento do crime", diz Consenzo.

O Diário de S. Paulo entrou em contato com o advogado da acusada, Luciano Santoro, durante toda a tarde de ontem, sem sucesso. Elize está presa na Penitenciária Feminina de Tremembé, a 135 km da capital.

Depoimento de legista

O médico legista José Pereira de Oliveira, diretor do Centro de Perícias do IML e responsável pelo laudo do caso Matsunaga, deve prestar outro depoimento na próxima segunda-feira, afirma o Ministério Público.

O promotor José Carlos Consenzo pretende esclarecer detalhes sobre o laudo cujo resultado revelou que Marcos foi decapitado vivo. Na quarta, a babá da filha do casal Matsunaga, Mauriceia José Gonçalves dos Santos, 42 anos, revelou que Elize comprou uma serra elétrica em Cascavel, Paraná, no dia em que esquartejou o marido. O delegado Jorge Carlos Carrasco, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), diz que a investigação vai apurar "onde o equipamento foi comprado, se é que foi comprado".

Oliveira explicou que seu laudo revela apenas o agente da morte e não os instrumentos usados pelo assassino. É preciso um novo exame de comparação, explica o legista, para saber se Elize e o possível comparsa realmente usaram uma serra elétrica para esquartejar Marcos.

Empresário é esquartejado

Executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, 42 anos, foi considerado desaparecido em 20 de maio. Sete dias depois, partes do corpo foram encontradas em Cotia, na Grande São Paulo. Segundo apuração inicial, o empresário foi assassinado com um tiro e depois esquartejado. Principal suspeita de ter praticado o crime, a mulher dele, a bacharel em Direito e técnica em enfermagem Elize Araújo Kitano Matsunaga, 38 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça no dia 4 de junho. Ela e Matsunaga eram casados há três anos e têm uma filha de 1 ano. O empresário era pai também de um filho de 3 anos, fruto de relacionamento anterior.

De acordo com as investigações, no dia 19 de maio, a vítima entrou no apartamento do casal, na zona oeste da capital paulista e, a partir daí, as câmeras do prédio não mais registram a sua saída. No dia seguinte, a mulher aparece saindo do edifício com malas e, quando retornou, estava sem a bagagem. Durante perícia no apartamento, foram encontrados sacos da mesma cor dos utilizados para colocar as partes do corpo esquartejado do executivo. Além disso, Elize doou três armas do marido à Guarda Civil Metropolitana de São Paulo antes de ser presa. Uma das armas tinha calibre 380, o mesmo do tiro que matou o empresário.

Em depoimento dois dias depois de ser presa, Elize confessou ter matado e esquartejado o marido em um banheiro do apartamento do casal. Ela disse ter descoberto uma traição do empresário e que, durante uma discussão, foi agredida. A mulher ressaltou ter agido sozinha. No dia 19 de junho, o juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri no Fórum da Barra Funda, aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo e decretou a prisão preventiva da acusada



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