Rapaz é preso após surra na avó da esposa por causa de cachorros

Homem se diz arrependido pelas agressões, mas vítima nem quer saber: “Quem perdoa é Deus. Eu não”

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Luzia Alves Machado, de 66 anos, ao lado dos cachorros que motivaram a agressão | Fabiano Rocha
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Segunda-feira de carnaval. Depois de um dia na praia com a mulher e os três filhos, Felipe Rodrigues Dutra chega por volta de 18h na casa da avó da esposa, no bairro de Itaipu, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Era lá que ele vivia de favor com a mulher e as crianças, um menino de 5 meses e duas meninas, uma de 5 anos e outra de 8. Irritado com os cachorros da família, o homem, de 31 anos, começa a chutar os animais e a dizer que irá matá-los. Luzia Alves Machado, de 66 anos, tenta interromper a cena: ?Por que isso, Felipe? Para!? Transtornado, o marido da neta da idosa retruca: ?Ah, é? Então eu vou matar é você!?

O relato é da própria Luzia, violentamente agredida no dia 11 de fevereiro. Segundo o inquérito policial, Felipe desferiu socos, chutes, bateu a cabeça da senhora contra a parede externa da casa e tentou asfixiá-la. Com Luzia já desacordada, enquanto repetia a frase ?vou te matar?, ele pegou um pedaço de madeira de mais de cinco quilos - que sustentava um vaso de plantas no quintal -, ergueu sobre a cabeça e se preparou para o golpe fatal. Felipe só foi interrompido devido ao esforço de sua mulher, Luara Souza e Silva, de 25 anos, que havia sido jogada no chão pelo marido pouco antes.

- Ela dizia: ?Você já matou a vovó! Você já matou a vovó!?. Só aí ele parou, foi pra sala e quebrou minha televisão e outros móveis. Em seguida, foi embora - lembra Luzia.

No dia seguinte, Luara foi à 81ª DP (Itaipu) e denunciou o companheiro. Depois de abertas as investigações, Felipe foi preso na última quinta-feira, dia 14 de março, e encaminhado nesta sexta para o Complexo Penitenciário de Bangu. Ele responderá pelo crime de tentativa de homicídio qualificado, por se tratar de violência familiar. Além de várias escoriações pelo corpo, Luzia quebrou o pé esquerdo e perdeu um dente.

- Estou muito arrependido, do fundo do meu coração. Foi muita covardia. Sei que é difícil, mas peço perdão. Voltar atrás a gente não pode - disse Felipe na delegacia, argumentando com o fato de ter se apresentado voluntariamente após ter a prisão decretada: - Eu tenho que pagar pelo que fiz.

- Quem perdoa é Deus. Eu não - rebate Luzia, categórica.

Como se não bastassem as sequelas da surra, a senhora ainda precisa lidar com outro problema. Com o pé engessado, ela não consegue lavar e passar para fora, atividade que exercia para complementar a renda. De idosa ativa, que ia com frequência ao mercado fazer as compras da família, Luzia agora precisa de ajuda dos parentes até mesmo para tomar banho.

- Com isso, a coisa fica difícil para as próprias crianças, já que ele não dá um tostão para ajudar - denuncia.

Agressões à mulher em 2006

Apesar do suposto arrependimento, este não foi o primeiro episódio do gênero envolvendo o rapaz. Em 2006, ele precisou ir à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) prestar esclarecimentos nos meses de janeiro e dezembro em virtude de duas agressões a Luara. Numa delas, ele teria expulsado a mulher de casa e dito: ?Se você voltar, eu te mato?. No mesmo ano, em outra ocasião, ele entrou em uma briga com o marido da sogra após uma discussão com Luzia, que sete anos mais tarde ele viria a espancar.

O casal chegou a se separar, época na qual Luara foi morar com a avó. Há cerca de quatro anos, os dois se reconciliaram, e Felipe também se mudou para o mesmo endereço. Todos passaram a viver juntos, mas não em harmonia. O agressor justificou o surto de violência alegando que a idosa fazia constantemente ?piadinhas? sobre ele. Desempregado desde dezembro de 2012, o rapaz diz ter ouvido com frequência comentários sobre o fato de ser ela a sustentar a família. Duas semanas antes da agressão, o rapaz teria conversado com Luara, sua mulher, sobre procurar outro local para morar. A idosa, contudo, contesta as declarações:

- Isto é tudo mentira. Ele está querendo dar uma de inocente. Pelo contrário, nunca me meti na vida dele. Ele que sempre me agredia com palavras, mas só quando eu estava sozinha - conta Luzia, acrescentando: - Não pelos meus bisnetos, que amo muito, mas me arrependo de ter deixado este homem entrar na minha casa.

Enquanto isso, Felipe ainda sonha em se reaproximar novamente da mulher. Segundo ele, Luara foi com os filhos encontrá-lo pela primeira vez depois da violência no último sábado (9) e se mostrou ?muito chateada, com razão?. Ela, por sua vez, preferiu não comentar toda a situação. No que depender de Luzia, contudo, uma coisa já é certa: preso ou não, o rapaz ficará bem longe da neta.

- Não quero que ela volte pra ele.



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