Sargento da PM que liberou jovem atropelador do filho de Cissa Guimarães se apresenta

O pai do rapaz afirmou que os policiais pediram um total de R$ 10 mil de propina.

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Sargento da PM acusado de propina | Reprodução G1
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Cabo que estava com PM se aprentou no sábado e já está preso.

Os dois teriam exigido R$ 10 mil de propina para liberar jovem.

O sargento da Polícia Militar Marcelo Leal, que liberou o jovem que confessou ter atropelado Rafael Mascrenhas na madrugada de terça-feira, no Túnel Acústico, na Gávea, Zona Sul do Rio, se apresentou na manhã deste domingo (25) no 23º BPM (Leblon). A informação foi confirmada pela assessoria da Polícia Militar.

Ele teve a prisão administrativa determinada pelo comandante da PM, após o pai do atropelador, Roberto Bussamra, afirmar em depoimento da delegacia, que pagou R$ 1 mil para que ele e um sargento liberassem o filho após o atropelamento.

O cabo da PM Marcelo Bigon, que estava com o sargento, se apresentou no fim da manhã de sábado no batalhão. Os dois policiais atuam no 23º BPM (Leblon).

O pai do rapaz afirmou que os policiais pediram um total de R$ 10 mil de propina.

Governador comenta o caso

O governador Sérgio Cabral classificou os dois policiais como "bandidos ao quadrado", no sábado. ?Eles (os PMs) são mais que marginais: são bandidos ao quadrado?, enfatizou o governador.

Cabral estava em agenda de campanha em Irajá, no subúrbio do Rio, quando comentou o episódio. ?A maioria da corporação é digna, séria e honrada e se envergonha com esse tipo de papel?, disse ele.

O governador afirmou que vai recorrer da decisão através da Procuradoria Geral do Estado.

Prisão de 72 horas

Assim como o cabo, o sargento ficará preso no batalhão por 72 horas, a partir do horário em que se apresentou. Mas, como já havia informado no sábado, a Corregedoria Interna da Polícia Militar vai pedir à Auditoria de Justiça Militar que decrete a prisão preventiva dos dois militares.

A Polícia Militar informou que já decidiu que, mesmo que a prisão não seja decretada na segunda-feira, os policiais não retornarão mais para o serviço de rua. Depois da prisão administrativa de 72 horas, os policiais apresentam documento de defesa e o comandante-geral deverá optar pela prisão de 30 dias a fim de garantir o andamento do Inquérito Policial-Militar.

Prisão preventiva negada

Na manhã de sábado, foi negado pelo juiz Alberto Fraga, do plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, o pedido de prisão preventiva dos dois policiais militares. A negativa da prisão preventiva não invalida a prisão administrativa determinada pelo comandante da corporação.

Ainda de acordo com a PM, a Corregedoria da Polícia Militar recebeu da Polícia Civil no fim da tarde de sexta-feira uma cópia do depoimento de Roberto.

Ainda de acordo com a PM, será aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso. Os dois policiais passarão por um conselho de disciplina e deverão ser expulsos da corporação.

Depoimento durou seis horas

O depoimento de Roberto Bussamra na delegacia durou seis horas. Ele contou, ainda, que após a abordagem policial, o grupo parou em um posto de gasolina na Gávea.

Ele foi chamado ao local. Os PMs exigiram R$ 10 mil para liberar os rapazes que atropelaram Rafael. Como não tinha o dinheiro na hora, Roberto Bussamra combinou de pagar a quantia na manhã seguinte, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro.

Ao se encontrar com os policiais, ele inicalmente pagou mil reais. Mas durante o acerto recebeu um telefonema da mulher. Ela contou que a vítima do atropelamento era filho da atriz Cissa Guimarães - e que e ele havia morrido. Roberto passou mal ao receber a notícia e foi retirado do carro por um dos filhos - enquanto os policiais arrancavam com o dinheiro da propina.

O dono da oficina para onde foi levado o Siena preto do jovem após o acidente diz que por volta de 4h30 o automóvel chegou de reboque. O pai e o irmão do motorista esperaram até 8h, quando a oficina abriu. O lanterneiro disse o pai do jovem pediu pressa no conserto porque precisava trabalhar com o carro.

Em três horas de conserto, o carro chegou a ser desmontado mas não houve tempo para que as peças danificadas fossem trocadas. O dono da oficina contou que, durante o serviço, recebeu um telefonema do pai do atropelador exigindo que parasse com urgência e que depois ele entenderia o porquê e que a perícia buscaria o veículo. O mecânico disse que teria visto vestígios de pele no carro. Depois de ter parado o trabalho, ele ouviu sobre o acidente no noticiário.

Investigação

De acordo com a polícia, nenhum outro depoimento deve acontecer nesta sexta-feira (23) e no fim de semana. Os agentes pretendem usar os próximos dois dias para avançar nas investigações.

A previsão é que os policiais militares que abordaram o carro que atropelou Rafael Mascarenhas sejam chamados a depor na próxima semana, mas a data ainda não foi definida. A polícia informou ainda que dificilmente o inquérito será encerrado na próxima semana. A polícia investiga se eles tentaram ocultar vestígios de acidente no carro que matou o jovem no Túnel Acústico, que liga São Conrado à Gávea, quando ele andava de skate.

Homenagem a Rafael

Rafael Mascarenhas recebeu uma homenagem dos amigos na noite de quinta-feira (22). Skates e rosas brancas foram reunidos em frente ao prédio onde Rafael morava com a mãe, na Gávea.

Uma foto do rapaz num show lembrou a paixão de Rafael pela música. Os dois jovens que andavam de skate junto com ele na madrugada do atropelamento se abraçaram com outros amigos.

PMs têm ficha exemplar

As fichas profissionais do sargento e do cabo da Polícia Militar, que liberaram o motorista que atropelou o músico Rafael Mascarenhas, apontam comportamento excepcional e ótimo durante o tempo em que eles estão na corporação. As informações são da assessoria de relações institucionais da PM.

Os policiais prestaram esclarecimentos à Corregedoria da PM sobre o episódio durante toda a manhã de quinta-feira (22). De acordo com o comandante geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, os PMs voltaram a confirmar as declarações que constavam no boletim de ocorrência entregue à Polícia Civil. O sargento e o cabo foram afastados dos trabalhos nas ruas.

Carona prestou depoimento na quinta-feira

O estudante André, de 19 anos, que estava no carona do carro do motorista que confessou ter atropelado o músico Rafael Mascarenhas prestou depoimento na quinta-feira (22). Ele não quis falar com a imprensa.

O advogado dele, Paulo Márcio Ennes Klein - que não quis revelar o sobrenome do cliente -, informou que o jovem disse, no depoimento, que Rafael passou de skate, na frente do carro, saindo da direita para a esquerda, dentro do Túnel Acústico.

Segundo Paulo Klein, André negou, no depoimento, que ele e os amigos estivessem fazendo um pega dentro do Túnel Acústico. ?Ele diz que o carro não estava correndo, mas que não sabe precisar em que velocidade estava. André contou que o carro chegou a frear antes do atropelamento?, disse o advogado. ?Inclusive, o André estava sem o cinto de segurança. Não sou perito, mas acredito que, se o carro estivesse em alta velocidade, com o impacto, o André teria se machucado?, acrescentou.



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