TV Bandeirantes diz que colete é o liberado pelo Exercito como o mehor para uso civil.

Ele foi atingido no peito por um tiro de fuzil durante a cobertura de uma operação da Polícia Militar contra o tráfico de drogas na favela de Antares

Jornalistas presentes ao local onde Gelson Domingos da Silva foi morto, lamentam a perda do colega, em flagrante registrado pelo fotógrafo Fernando Quevedo | Divulgação
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O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro responsabilizou a TV Bandeirantes pela morte do repórter cinematográfico Gelson Domingos, 46 anos, ocorrida neste domingo. Ele foi atingido no peito por um tiro de fuzil durante a cobertura de uma operação da Polícia Militar contra o tráfico de drogas na favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste da cidade.

Gelson Domingos, que também trabalhava na TV Brasil, usava um colete à prova de balas, mas o projétil ultrapassou a proteção. Para a presidente do sindicato, Suzana Blass, a morte do cinegrafista foi uma tragédia anunciada, porque os coletes fornecidos pelas empresas de comunicação não resistem a tiros de fuzil.

"Isso do colete é uma maquiagem. Os coletes não oferecem segurança para o profissional porque não protegem contra os tiros de fuzil, a arma mais usada pelos bandidos e também pela polícia no Rio. E as emissoras só dão o colete porque a convenção coletiva de trabalho estabeleceu que o equipamento é obrigatório em coberturas de risco."

Contatada pelo Terra, A TV Bandeirantes afirmou que o colete utilizado pelo cinegrafista é o modelo de maior capacidade de proteção liberado pelas Forças Armadas para utilização por civis. "A Band adotou o uso do colete em 2004, muito antes de qualquer imposição feita pelo Sindicato", afirmou a emissora.

Suzana Blass disse que o sindicato propôs às empresas de comunicação a criação de uma comissão de segurança para acompanhar a cobertura jornalística em situações de risco, mas que a proposta não foi aceita. "Sabemos que as condições oferecidas são precárias, mas as empresas alegam que a comissão seria uma ingerência no trabalho delas e que iriam sugerir um outro formato, mas até agora nada ofereceram."

A emissora afirmou ao Terra que nunca se negou a discutir ações relacionadas à segurança dos funcionários. "O sindicato propôs um curso dado por policiais do Bope sobre posicionamento em áreas de risco. Repórteres e cinegrafistas da Band foram treinados", disse a empresa, por meio de sua assessoria.

"Também já pedimos que as empresas de comunicação façam um seguro diferenciado para as coberturas de risco, mas elas responderam que já protegem seus funcionários e classificaram a proposta do sindicato como uma interferência em seu trabalho", acrescentou Blass. Suzana disse que o sindicato pode recorrer à Justiça para obrigar a Bandeirantes a amparar a família de Domingos.

A TV Bandeirantes afirmou que "todos os repórteres e cinegrafistas que trabalham com reportagem de rua têm um seguro diferenciado contratado pela empresa" e que "além do seguro, que cobre questões financeiras, a emissora está dando suporte total à família" do cinegrafista.

Outro problema, segundo a presidente do sindicato, é que muitas empresas contratam operadores de câmera externa para exercer a função de repórter cinematográfico, porque os salários são menores, o que acarreta em prejuízos no resultado do trabalho.

Para Suzana Blass, além da falta de condições de trabalho, o profissional de comunicação convive diariamente com uma questão cultural, pois está sempre em busca da melhor imagem. "Com isso, ele acaba aceitando o trabalho sem pensar no risco que vai correr, sem pensar na necessidade de se prevenir contra os acidentes e também para não ficar com fama de "marrento" caso se recuse a cumprir a pauta."

Pela TV Brasil, o cinegrafista Gelson Domingos e o repórter Paulo Garritano ganharam, no ano passado, menção honrosa na 32ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV Documentário, com a série sobre pistolagem no Nordeste, exibida no programa Caminhos da Reportagem.



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