Tia do goleiro Weverton morre após passar mal durante ação da PM

A equipe policial entrou na casa sem mandado, atrás de um dos filhos de Maria José que já está preso há dois anos, e utilizou spray de pimenta.

Tia do goleiro Weverton morre após passar mal durante ação da PM | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Morreu nesta terça-feira (13) Maria José Pereira, de 67 anos, em Rio Branco. Ela é tia do goleiro Weverton, do Palmeiras, e estava internada no Pronto-Socorro da capital após passar mal em decorrência de uma invasão, por parte de agentes da Polícia Militar do Acre (PM-AC), na casa onde morava no Bairro Pista, região da Baixada da Sobral.

Na ocasião, a ação foi registrada por uma vítima e mostram o momento da chegada da PM à casa da família de Weverton. Segundo a advogada da família, Helane Cristina, a equipe policial entrou na casa sem mandado, atrás de um dos filhos de Maria José que já está preso há dois anos, e utilizou spray de pimenta.

Nas imagens, é possível observar uma sequência de gritos e empurrões, culminando com Manoel Ribeiro do Nascimento Neto, um dos policiais identificados, desferindo um tapa na mão do homem que estava filmando, fazendo com que o aparelho celular caísse no chão. Quando a gravação é retomada, os envolvidos na briga já estão do lado de fora da residência, e uma mulher é colocada na viatura policial.

A PM não tinha mandato de prisão | FOTO: Reprodução

"Devido ao estresse, minha mãe, que já tinha problema de coração, passou mal, deu água no pulmão, [levou] spray de pimenta na cara ela pegou também, estava aqui dentro vários netos dela, minhas irmãs foram presas, ela vendo as minhas irmãs presas daquele jeito, começou a passar mal, minha sobrinha falou que ela tinha problema no coração, o policial achou que era mentira, ele mandou chamar o Samu, que ele era polícia. De fato, ele é polícia mesmo, mas dava de ele ter visto que ela não estava brincando, que ela é mulher de idade. Acabou com as nossas vidas e machucou bastante, porque a perda da minha mãe foi de uma forma prematura. Ela estava boazinha, estava bem, brincando com os netos dela", disse Magno Silvano Pereira.

O sentimento do filho agora é por justiça. "A família é humilde aqui. Vamos tentar correr atrás pela memória dela porque querendo ou não, essa atitude ajudou a matar minha mãe. Ela estava boazinha, o coração dela não simplesmente parou, [ela morreu] devido essa atitude deu água no pulmão dela devido ao estresse, e o que aconteceu tá aí", comentou.

ADVOGADA AGREDIDA NA DELEGACIA

A advogada Helane Christina relatou que chegou à unidade e dirigiu-se à sala da PM, um espaço designado na Defensoria Pública do Estado do Acre (Defla). Ela reivindicou seu direito de permanecer no local e afirma ter sido empurrada durante a discussão pelo policial Manoel Neto (o mesmo da gravação).

"Eu cheguei e abri o portão, disse que era advogada e queria acompanhar minha cliente. Os policiais levantaram e disseram que eu não poderia ficar no recinto. Expliquei tudo, falei que poderia mostrar a lei, eu tenho direito, desde o momento que minha cliente estiver aqui eu posso acompanhar [...] Ele (Manoel) foi o único que me desrespeitou e disse que minha sala era do outro lado e eu não tinha direito de estar lá dentro, a sala era só da PM, eu expliquei que só queria acompanhar e não queria interferir no serviço deles”, disse, acrescentando que os outros agentes não estavam tão exaltados quanto o agressor.

RESPOSTA DA PM

Paralelamente à fatalidade, o comando-geral da PM-AC emitiu uma nota dizendo que tomará as medidas cabíveis ao caso mediante investigações.

"Informamos que a Corregedoria desta instituição, diante dos fatos narrados por familiares e advogados da família da senhora Maria José, está tomando as medidas legais cabíveis ao caso, inclusive com instauração de Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos policiais envolvidos na citada ocorrência", disse a nota.

Tia do goleiro Weverton morre após passar mal durante ação da PM | FOTO: Reprodução

OAB ACOMPANHARÁ O CASO

A Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Acre (OAB-AC) emitiu uma nota na qual expressou seu apoio à advogada e declarou estar aguardando a completa apuração do caso. Além disso, a OAB enfatizou que considera o incidente como um exemplo de misoginia e condenou veementemente qualquer forma de excesso físico.

“A OAB aguarda a apuração dos fatos, entretanto, não há como admitir que uma advogada mulher seja desrespeitada por servidor público homem, no exercício de sua função. Notícias correm visando desconstituir a atuação da advogada. Entretanto, não se torna admissível excessos na atividade policial, que é uma atividade tão cara à sociedade”, afirmou a nota.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES