Viúva diz que não desconfiava que sogra matou o próprio filho

A polícia está à procura de um quarto suspeito, que estaria de moto com o atirador no momento do assassinato.

Maria Selma Costa dos Santos é acusada de ser mandante do assassinato do filho. | Paulo Alvadia / Agência O Dia
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"Eu não desconfiava da minha sogra, de nada. Pegou todo mundo de surpresa. Ficamos todos chocados. Estou meio isolada, ainda tentando entender o que aconteceu. As pessoas estão me explicando?. O desabafo é de Vânia Filgueiras Lopes, 42 anos, viúva do empresário José Fernandes dos Santos Reis, 52, morto em novembro, segundo investigações da 59ª DP (Duque de Caxias), a mando da mãe dele, Maria Selma Costa dos Santos, 70 anos.

Ela e outros dois acusados estão presos desde terça-feira. A polícia está à procura de um quarto suspeito, que estaria de moto com o atirador no momento do assassinato. Segundo a polícia, a mãe mandou matar o filho para administrar sozinha o patrimônio da família, tradicional em Caxias, e ficar com o dinheiro e os bens dos parentes. A vítima era neta de prefeito que governou a cidade nos anos 40.

Em depoimento na época da morte, Vânia contou que o marido reclamava de constantes brigas com a mãe e que chegou a dizer que desconfiava que Selma estaria tramando algo. ?A Dona Selma está armando alguma coisa para mim?, teria dito o empresário à esposa após sair da casa da mãe, dias antes de ser executado.

Pouco tempo depois, José foi morto. Apesar da desconfiança dele, Vânia contou que jamais pensou que a sogra estivesse envolvida na morte do próprio filho. Na casa de Maria Selma, a polícia apreendeu R$ 147 mil. O dinheiro estava guardado em sacolas no guarda-roupas da idosa. ?Ela disse que era para pagar um obra que faria na casa?, explicou o delegado Márcio Esteves. Ele vai intimar novamente os presos, parentes e vizinhos para prestar depoimento.

Segundo o delegado, chamou a atenção o fato de elas prestarem depoimento acompanhadas do advogado contratado pela mãe da vítima. Para ele, foi uma maneira de ela coagir as testemunhas: ?Agora que está presa, vamos ouvir as pessoas novamente para comparar depoimentos?.

Além de Selma, são acusados do crime Isaac Paula de Moraes, 22, que teria feito os disparos, e Maria José da Silva Dias, 42, diarista de Selma e responsável por ?contratar? o atirador por R$ 20 mil.

Acusada de planejar a morte do filho, Maria Selma integrava nos últimos anos grupo de mulheres influentes no município para realização de eventos beneficentes. Formado somente por mulheres com mais de 50 anos, clube existe há mais de 30 anos.

Os encontros acontecem com frequência em uma entidade filantrópica no bairro 25 de Agosto, reduto da classe média de Caxias. Entre os eventos, há desfiles e festas onde o valor da entrada é revertido em doações para asilos e orfanatos.

O crime abalou uma das mais tradicionais famílias de Caxias e chocou moradores da cidade. José Fernandes era neto de Gastão Glicério de Gouvêa Reis, o primeiro prefeito eleito pelo voto popular do município, nos anos 40. A família seria dona de imóveis, cartório, empresas de confecção e construção. O valor do patrimônio não foi revelado.

Ontem, na casa de Maria Selma, no Centro de Caxias, onde a vítima foi morta, estavam apenas um segurança e um vigia que não quiseram dar entrevista. Durante o dia, pessoas que passavam pelo local apontavam para a casa e algumas paravam para ver e comentar o assassinato.

O crime começou a ser esclarecido quando a diarista de Maria Selma, Maria José da Silva, decidiu contar que a patroa foi quem mandou matar o filho. Na delegacia, ela confessou que, a mando de Maria Selma, contratou Isaac, que recebeu R$ 20 mil pelo crime (R$ 5 mil antes e R$ 15 mil depois da morte.

Maria Selma esteve com o filho minutos antes de ele ser morto, ouviu os tiros e, depois, teria dito à diarista: ?Graças a Deus, foi para o inferno?.

No entanto, na delegacia, ela negou tudo e disse que até ?abençoou? o filho quando ele se despediu dela. Isaac, que é segurança de rua, também negou. Selma e Maria José estão em selas separadas, na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó. Isaac está na Penitenciária Alfredo Tranjan, no mesmo bairro. Os três devem responder por homicídio qualificado, cuja pena varia de 12 a 30 anos.



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