Artigo Aminthas Floriano: “A propósito da indigência”

Artigo Aminthas Floriano: “A propósito da indigência”

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A indig?ncia ? conceituada como uma conting?ncia em que falta ao indiv?duo as coisas mais necess?rias ? vida. ? um verdadeiro estado de pobreza, seja de natureza social e econ?mica, seja de natureza intelectual, ou, ainda, de natureza moral.

A indig?ncia de natureza social e econ?mica, embora seja inc?moda e at? inconceb?vel, ? suport?vel, porque desde os prim?rdios dos tempos, em que o mundo ? mundo, existem uns poucos indiv?duos que t?m muito e muitos que t?m muito pouco. Esta situa??o chega a revelar uma certa dose de conformismo, todavia, ? preciso entender que n?o ? dado ao cidad?o o direito de escolha ? hora de nascer, raz?o porque uns emergem ao mundo com car?ncias as mais variadas e outros, ao contr?rio, j? nascem abastados. Certamente, tal realidade mexe profundamente com a consci?ncia daqueles que pugnam por um mundo mais justo como ? o meu caso, entretanto, fica claro que ? uma circunst?ncia que independe da vontade de cada um, ou seja, ? mera conting?ncia do acaso.

A indig?ncia intelectual pode ser abordada em duas vertentes distintas. H? o indigente intelectual que assume tal condi??o por vontade pr?pria. S?o aqueles aos quais s?o dadas todas as condi?es para alargarem as suas vis?es de mundo, mas, apesar de tudo, permanecem na estreiteza e na escurid?o da ignor?ncia, sem sequer, conhecer os seus pr?prios limites, e, muitas vezes enveredando por caminhos tortuosos, frequentemente sem retorno garantido. H?, ainda, o indigente intelectual que amarga tal situa??o pela falta absoluta de meios para mergulhar profundamente no vasto oceano do conhecimento e da cultura. Estes, muitas vezes, carregam consigo, vida afora, uma carga grande de frustra??o por a eles n?o ter sido ensejada a oportunidade de superar a ignor?ncia, que passa a ser, de forma involunt?ria, sua companheira indesejada. Aos que desperdi?aram a oportunidade de sa?rem da indig?ncia intelectual deixo registrado o meu mais profundo protesto. Aos outros resta-me lamentar por n?o terem tido a chance de serem contemplados com ela.

Como se pode observar, estas duas formas de indig?ncia, a social e econ?mica e a intelectual, n?o obstante se constitu?rem em circunst?ncia que incomoda a todos, ainda, assim, s?o suport?veis, mesmo porque quase sempre independem da vontade do indiv?duo. Insuport?vel, no entanto, ? a indig?ncia moral. Esta forma, caracteristicamente, se entranha nos tecidos org?nicos e no esp?rito do indiv?duo, passa a ser parte da sua personalidade, cuja manifesta??o mais marcante ? a aus?ncia de car?ter. A indig?ncia moral assume dimens?es as mais variadas, por?m, sua marca mais importante ? ser parte do cotidiano do indiv?duo traidor. Traidor, todos sabem, ? o ente que viola a confian?a, aquele que deixa voluntariamente de cumprir com os compromissos assumidos, aquele que se aproxima de outras pessoas, de forma deliberada, se travestindo de amigo, com a finalidade de auferir benef?cios pr?prios, e que, sem o menor escr?pulo, ao atingir o seu objetivo, as apunha-la num piscar de olhos. A indig?ncia moral ? companheira da pusilanimidade. Pusil?nime ? aquele que tem a alma pequena. O indigente moral ? grosseiro, ingrato, c?nico, falso, submisso, mentiroso, desleal, desonesto, aproveitador e malfazejo. Com tais caracter?sticas, sempre camufladas, o indigente moral vai fazendo as suas v?timas que, em geral, s?o pessoas de boa f?, incapazes de imaginar tamanha desqualifica??o moral em um ser humano.

Se perguntado porque escolhi este tema para fazer esta abordagem, respondo com a mais absoluta tranq?ilidade. Aprendi com meu pai a repudiar as atitudes de pessoas desprovidas de car?ter, aquelas cujo lema de vida est? inserido em um trecho da can??o cantada por Beth Carvalho, ?voc? pagou com trai??o a quem sempre lhe deu a m?o?.



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