Bate-boca entre ministros compromete “credibilidade”, diz Aurélio

Aurélio disse que o presidente da Corte já deve ter se arrependido de ter falado

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Logo após o fim da sessão, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio afirmou a jornalistas ainda no plenário que o bate-boca entre o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, e o ministro Ricardo Lewandowski compromete a "credibilidade" no tribunal.

"É ruim em termos de credibilidade na instituição. É ruim em termos de entendimento que deve haver no colegiado. Nós não podemos deixar que a discussão descambe para o campo pessoal."

Sobre o fato de Barbosa ter dito que Lewandowski estaria criando "chicanas" para tentar retardar o julgamento, Aurélio disse que o presidente da Corte já deve ter se arrependido de ter falado isso. "Eu acho que houve um arroubo de retórica e, à essa altura, o presidente deve estar arrependido."

Os ministros debatiam em plenário se a pena aplicada ao ex-deputado Carlos Alberto Rodrigues Pinto, o Bispo Rodrigues (PR-RJ), condenado por corrupção passiva, deveria ser baseada na lei atual, de novembro de 2003, com penas mais severas, ou na anterior.

Barbosa entende que ficou comprovado que o recebimento do dinheiro foi em dezembro de 2003 e que Rodrigues não participou da negociação do pagamento, que se deu em 2002.

Já Lewandowski argumentava que a denúncia dizia que Rodrigues participou da negociação, mas que, embora o Ministério Público não tivesse encontrado provas que atestassem isso, os ministros deveriam considerar que o crime aconteceu em 2002 e aplicar a lei mais branda. A sessão foi encerrada por conta do bate-boca, sem definição sobre a questão. O debate será retomado na próxima quarta-feira.

Indagado sobre o que achava do fato de Barbosa ter dito a Lewandowski que essa fase do julgamento não era "momento para arrependimento", uma vez que o colega havia votado no ano passado pela aplicação mais severa, Marco Aurélio respondeu que não considerava o comentário inadequado.

"Não é arrependimento. Arrependimento de quê? Nós temos uma cadeira vitalícia justamente para atuarmos de acordo com a ciência e a consciência. Creio que a observação não foi a mais adequada."

Marco Aurélio defendeu ainda que a discussão seja sempre reaberta quando o acórdão não tiver ficado claro.

"Se houve omissão e se surgiu uma obscuridade ou uma contradição, nós temos que abrir. Esses vícios é que levam ao acolhimento dos embargos", afirmou.

"Importante é saber a denúncia, porque o acusado se defende dos fatos constantes da denúncia. Ele participou da negociação em 2002 ou apenas recebeu numerário, sem participar dessa negociação, em 2003. Se ele apenas recebeu o numerário em 2003, não tendo participado daquela negociação em 2002, aplica-se a lei de 2003."

O ministro disse que considerava que o ritmo do julgamento estava bom e que, apesar da briga, acha que deve terminar ainda em agosto essa fase.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES