Bolsa Família é mais atuante na área rural

Programa ajuda menos gente nas áreas urbanas e não acabou com o trabalho infantil

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Apesar de tecer uma série de elogios ao sucesso e popularidade do programa Bolsa Família, um longo artigo na revista britânica The Economist aponta problemas, como o fato de a proposta não funcionar bem em áreas urbanas com grande concentração de pobreza quanto em áreas rurais. A crítica é diferente das usuais em relação ao programa ? a de que ele não incentiva a busca por trabalho e de que o dinheiro acaba indo para as mãos erradas. Segundo o texto, pesquisas mostram que o Bolsa Família não tem causado dependência e é eficaz em atingir seu público-alvo.

A revista diz que a pobreza rural é grande no país, mas o programa atingia 41% das famílias nessas áreas em 2006. Em duas grandes cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, menos de 10% das famílias recebem o Bolsa Família.

De acordo com relatório das Nações Unidas sobre os objetivos do milênio, que usou dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a pobreza rural caiu 15 pontos percentuais entre 2003 e 2008 no país, mais do que na área urbana. São 8 milhões de pessoas a menos abaixo da linha da pobreza. A revista também apontou diversas melhorias nas áreas rurais, como redução da mortalidade infantil e aumento da quantidade de escolas e do nível de escolaridade.

O artigo diz que a situação das famílias nas grandes cidades pode não ter melhorado com o Bolsa Família porque ele substituiu uma série de outros benefícios, como programa de combate à subnutrição infantil, de subsídio a gás de cozinha e de ajuda a jovens de 15 e 16 anos: ?Embora seja difícil de provar (dados nacionais não estão disponíveis), evidências sugerem que o Bolsa Família pode valer menos do que o grupo anterior de benefícios?.

A revista cita o exemplo de uma família na favela Eldorado, na Grande São Paulo, que costumava receber o equivalente a dois salários mínimos. O valor médio do Bolsa Família equivale a um quinto do salário. Além disso, diz o texto, o custo de vida das cidades costuma ser maior do que no interior do país, mas o valor dado pelo governo é o mesmo.

Outros problemas

Outra crítica é feita à ineficácia do programa em reduzir o trabalho infantil nas cidades. Enquanto nas áreas rurais as crianças trabalham para aprender o serviço com familiares, não são pagas e, em geral, conseguem continuar estudando, nas regiões urbanas o dinheiro conseguido pelo trabalho infantil costuma ser maior do que o pelo Bolsa Família: ?Há um incentivo econômico para abandonar a escola e deixar o programa?. O texto diz que metade das 13 mil famílias que perderam o benefício está em São Paulo.

O artigo diz que o Bolsa Família não é um desperdício de dinheiro nas cidades, mas deveria ser aprimorado. O programa deveria, por exemplo, ser complementado pelas cidades.

Segundo a revista The Economist, há a tendência, no Brasil e no mundo, de tratar o Bolsa Família como solução ?mágica?, porque os problemas atuais relacionados à pobreza são mais complexos e envolvem violência, drogas, entre outros.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES