Deputado não explica mensagem em que pede dinheiro a doleiro

O deputado preferiu rebater 2 denúncias contra ele com negativas vagas e argumentações técnicas sobre a presunção da inocência e o sigilo do inquérito

Avalie a matéria:
Argôlo diz que “jamais manteve qualquer relação ilícita com Youssef” | Lúcio Bernardo Jr/Ag.Câmara
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Em uma defesa de 64 páginas entregues nesta terça-feira (24) ao Conselho de Ética da Câmara, o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) não esclarece absolutamente nenhuma das mensagens em que pede dinheiro ao doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O deputado preferiu rebater duas denúncias contra ele com negativas vagas e argumentações técnicas sobre a presunção da inocência e o sigilo do inquérito.

O PPS e o PSOL ingressaram com representação contra Argôlo depois que a revista Veja e o jornal Folha de S.Paulo revelaram a transcrição das mensagens de celular entre ele e Youssef. Em 16 de setembro de 2013, conforme diálogos captados pela PF, o deputado combina receber dinheiro do doleiro em seu apartamento funcional, na 302 Norte, em Brasília. Em março deste ano, Youssef afirma ter repassado R$ 120 mil para o chefe de gabinete de Argôlo. Em outra mensagem, revelada pelo jornal, o deputado pede que o doleiro deposite um total de R$ 100 mil na conta de uma pessoa e de uma empresa.

De maneira superficial, o advogado de Argôlo nega irregularidades sem explicar a que se referem os pagamentos mencionados nos torpedos. ?Praticamente nada disso procede, nem há qualquer infração ética?, afirma Aluísio Lundgren Regis, na defesa. Ele diz que o deputado ?jamais (?) usou seu cargo público para obtenção de benefício para si ou para outrem?. O deputado, ?jamais manteve qualquer relação ilícita com Youssef?.

Argôlo deixou o PP, da base aliada, para engrossar o Solidariedade, da oposição. Para Lundgren, isso é demonstração de que o deputado ?mostra desapego a cargos ou eventuais benesses pessoais?.

O silêncio do deputado sobre questões fundamentais seria justificado porque ele não possui uma cópia integral do inquérito da Operação Lava Jato. ?Não pode o representante esclarecer, por ora, o contexto em que os diálogos foram travados, se realmente eles existirem?, afirma, evasiva, a defesa de Argôlo. Mesmo quando obter os papéis e mídias, o parlamentar não garante que se explicará. ?Prestará informações complementares e arrolará novas testemunhas, se for o caso (?) dirimindo toda a e qualquer dúvida que possa eventualmente existir?, diz a defesa.

Youssef era ligado ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, indicação do PP. Argôlo diz que, apesar de ter pertencido ao partido, ?jamais indicou qualquer diretor na Petrobras?.

Linchamento e romantismo

O advogado reclama de ?linchamento? ao qual Argôlo é exposto e reclama do vazamento de informações do inquérito da operação policial. Segundo a defesa, o processo no Conselho de Ética não deve continuar porque as provas ? as mensagens eletrônicas ? foram obtidas por ?meios criminosos?.

Argôlo anexou à sua defesa o voto do relator de seu processo interno no Conselho de Ética do Partido Solidariedade, Pedro Nepumuceno Filho. No texto, o correligionário pede o arquivamento do caso porque viu apenas uma ?amizade íntima com uma pessoa investigada criminalmente?. Segundo Argôlo, o voto de Nepumuceno resultou no fim da apuração interna.

Há até mensagens românticas trocadas entre o deputado e o doleiro. Em 28 de fevereiro deste ano, às 8h33, Argôlo diz: ?Você sabe que tenho um carinho por vc e é muito especial?. Yossef responde que também tem. O deputado continua: ?Queria ter falado isso ontem. Acabei não falando. Te amo.? O doleiro concorda: ?Eu amo você também. Muitoooooooooo<3?.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES