Dilma apoia campanha contra estupro e convoca jovens para reforma política

São casos em que há mais tabu, ninguém dialoga sobre isso, diz Nana Queiroz

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Após se reunir com mais de 30 líderes de entidades ligadas ao movimento jovem no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff (PT) manifestou apoio a uma série de ações de governo para coibir a violência sexual contra mulheres.

A campanha - que ganhou força a partir da divulgação de pesquisa do Ipea que apontou que 65,1% dos brasileiros apoiam ataques a mulheres que mostram o corpo, mas que foi posteriormente corrigida para 26% - deverá focar em casos intrafamiliares, por meio da qualificação de médicos do SUS e professores da rede pública para, entre outras medidas, identificar sinais de abuso.

"No DF, são mais de 80% dos casos [entre os casos de estupro]. São casos em que há mais tabu, ninguém dialoga sobre isso, e nós estamos pedindo o apoio da presidenta para implantar um plano federal que envolva professores e médicos do SUS no pré-natal para informar mães e alunos sobre como prevenir o estupro", explicou a organizadora do movimento #eunãomereçoserestuprada, a jornalista Nana Queiroz.

Segundo ela, será entregue até a semana que vem um documento com as linhas gerais do projeto, delineado por um comitê de especialistas militantes pela causa. O plano é inspirado em experiências bem sucedidas no México e nos Estados Unidos.

Nana também relatou que os movimentos ligados ao combate à violência contra a mulher ressaltaram que o erro do Ipea foi "muito feliz" para o feminismo, por chamar atenção à causa. Sem fazer comentários sobre a retratação do instituto, Dilma assentiu.

A audiência também foi pautada pela discussão de questões de gênero presentes no Plano Nacional de Educação. Dilma ouviu dos líderes pedido para que fossem incluídas no texto do projeto, que tramita na Câmara, propostas que permitam a inclusão no currículo escolar de temas como machismo, feminismo e diversidade sexual. Grupos religiosos são contra a ideia.

REFORMA POLÍTICA

Em sua fala, Dilma pediu aos presentes apoio para retomar a discussão da reforma política, que naufragou no ano passado no Congresso, após ser proposta pela própria presidente como resposta às manifestações de junho.

Segundo presentes, a presidente disse que precisa da mobilização das ruas, aos moldes do movimento das Diretas Já, pré-redemocratização, para que a iniciativa tome corpo. De acordo com ela, a maioria do governo no Legislativo não contempla todos os temas que o governo defende.

"O momento eleitoral é de discutir a reforma política e é preciso que os movimentos sociais pautem essa reforma. Não pensem que conseguiremos a reforma política só na relação entre governo e Congresso. É algo que exija a participação dos brasileiros para coesão de forças", disse, conforme os participantes.

"A presidenta defende, é simpática à ideia de construir um processo exclusivo, um plebiscito, uma consulta à sociedade sobre a questão da construção da reforma política. Nosso entendimento é de que o Parlamento precisa discutir e ampliar o debate, mas que a sociedade precisa opinar sobre que reforma política ela quer ?e foi isso que a presidenta fortaleceu na reunião", afirmou a secretária nacional de juventude do governo, Severine Macedo.

ROLEZINHOS

Para o presidente da Associação dos Rolezinhos, MC Chaveirinho, também presente na audiência com a presidente, "é muito importante ser recebido aqui pela presidente, por estar nos ouvindo nessa parte".

"A mídia expôs uma coisa do rolezinho que não foi a parada certa. O rolezinho aconteceu por muito tempo só que foi exposto para a mídia como uma baderna. Não é isso que a gente quer passar", disse.

Durante a reunião, Dilma ouviu de MC Chaveirinho que o governo e o PT não sabem dialogar com os jovens da periferia. Ele pediu investimentos na área cultural e mais segurança para os moradores dessas regiões. "Não é a questão de chamar de mano. É questão de, assim, se falar "companheiros" para os jovens não vai ser identificado."

PASSE LIVRE

Mais crítico ao encontro com Dilma, o líder do Movimento Passe Livre Cledson Pereira afirmou que, para ele, foi apenas "mais uma reunião com o governo".

O movimento, que, no ano passado, foi apontado como o catalisador para as manifestações de junho, acredita que não houve avanços na pauta de reivindicações entregues à presidente em seu primeiro encontro, em julho do ano passado.

"A PEC 90 [proposta de emenda constitucional], que garante transporte como direito direito essencial, está parada no Senado. A proposta de tarifa zero, do custeio do transporte como um direito, não avançou em nada. E a gente enfrenta um aumento de passagens em quatro capitais do país e uma intensificação nas políticas e projetos de lei para repressão das manifestações com medo de uma nova jornada de junho", disse.

Ele relatou ter afirmado durante a reunião "que o anonimato, assim como o voto secreto, é uma maneira de preservar as pessoas", mas manteve-se contra o comportamento policial de retirar da farda seu nome. "O MPL é contra qualquer tipo de violência e a gente entende que na maioria das vezes nas manifestções a violência é causada pela polícia."



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