Dilma critica posição brasileira de se abster de condenar Irã

Em novembro, ONU foi contra Irã condenar mulher ao apedrejamento.

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Dilma | Reprodução G1
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A presidente eleita Dilma Rousseff afirmou em entrevista publicada no jornal "Washington Post" de domingo (5) que não concorda com a abstenção do Brasil na votação da Organização das Nações Unidas (ONU) que questionou o Irã por violação de direitos humanos.

Em novembro, a ONU votou resolução contra o Irã após sentença de morte por apedrejamento de iraniana condenada por adultério. O governo brasileiro se absteve porque considerou que a Assembleia Geral não é o melhor espaço para discutir o tema, mas sim o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

"Eu não sou a presidente [hoje] do Brasil, mas eu me sentiria desconfortável como uma presidente mulher eleita, em não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu tomar posse. Eu não concordo com a maneira como o Brasil votou. Não é minha posição", disse Dilma - clique aqui para ver a íntegra da entrevista.

Questionada ainda sobre as relações de seu governo com o Irã, ela disse que é preciso negociar. "O que vemos no Oriente Médio é a falência de uma política - de uma política de guerra. Falamos do Afeganistão e do desastre que foi a invasão do Iraque. Nós não conseguimos construir a paz, nem nós conseguimos resolver os problemas do Iraque. Hoje o Iraque está em guerra civil. Todo dia, soldados de ambos os lados morrem. Tentar construir a paz e não ir para a guerra é o melhor caminho."

Apesar de defender negociações, disse que não fará "concessões" sobre o apedrejamento. "Não apoio o apedrejamento (de mulheres). Não estou de acordo com práticas que têm características medievais. Não há nuances possíveis, não farei quaisquer concessões a esse respeito", afirmou.

A publicação norte-americana destacou o fato de Dilma ter lutado contra o regime militar no Brasil. Na entrevista, a presidente eleita afirmou que tem "compromisso histórico" com aqueles que foram ou estão na condição de presos políticos.

Estados Unidos

Sobre a relação do Brasil com os Estados Unidos, Dilma destacou que quer "estreitar laços". "Considero que a relação com os EUA é muito importante para o Brasil. Vou tentar estreitar os laços com os EUA. Eu tive uma grande admiração pela eleição do presidente Obama. Eu acredito que os EUA naquele momento mostrou grande capacidade para mostrar que é uma grande nação. E surpreendeu o mundo. Poderia ser muito difícil eleger um presidente negro nos EUA. Como era muito difícil eleger uma mulher presidente do Brasil."

Ela afirmou ainda que EUA e Brasil podem trabalhar juntos pelo crescimento da África, principalmente em relação às tecnologias agrícolas, produção de biocombustíveis e ajuda humanitária.

Dilma Rousseff afirmou que quer se encontrar com Obama logo após tomar posse. "Planejo visitar o presidente Obama nos primeiros dias da minha posse, se ele quiser me receber", afirmou. Ela explicou que, embora tenha recebido convite de Obama para ir à Casa Branca, precisou recusar o convite: "Tenho que criar meu próprio governo. Tenho 37 ministros para nomear."

Ainda na entrevista, a presidente eleita garante que continuará a política econômica de Lula. Disse que pretende atuar para redução dos juros no país e, para isso, o caminho será o corte dos gastos públicos. "Nós vamos cortar despesas, mas continuaremos a crescer."



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