'Fui mexer com os donos do poder e estou aqui agora', diz Joesley

Ele chamou de “covardia” a rescisão do acordo de delação premiada

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Em depoimento à Justiça Federal nesta sexta (15), em São Paulo, o empresário Joesley Batista, sócio da JBS, disse que está sendo punido por ter confrontado "os donos do poder".

"Fui mexer com os donos do poder e estou aqui agora. Estou pagando por isso", disse o empresário.

Ele chamou de "covardia" a rescisão de seu acordo de delação premiada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Os benefícios concedidos ao sócio da JBS, como a imunidade penal pelos crimes que denunciou, foram cancelados por Rodrigo Janot na quinta (14). O cancelamento ainda tem de ser chancelado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.

No mesmo dia, o procurador encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

"Eles consideraram lá que a gente não cumpriu [os termos do acordo de colaboração premiada] após nós termos feito a maior e mais efetiva colaboração. O procurador [Rodrigo Janot] acho que foi muito questionado sobre a nossa imunidade e por fim resolveu pedir a quebra da nossa imunidade. Eu achei um ato de covardia por parte dele depois de tudo que fizemos, depois de tudo que entregamos de prova e tudo".

Ao final da audiência de custódia, o juiz João Batista Gonçalves decidiu manter a prisão preventiva que determinou na terça (13). Como justificativa, citou o risco de o empresário deixar o país, por conta dos recursos de que dispõe para viajar ao exterior.

Ele também decidiu que Joesley será mantido sob custódia da Polícia Federal, em São Paulo, e poderá receber a visita de familiares. A defesa do empresário disse que recorrerá da decisão.

Joesley e seu irmão, Wesley Batista, foram alvos de um mandado de prisão na quarta (13) pela Operação Tendão de Aquiles, a pedido da Justiça Federal de São Paulo. Eles são investigados por terem supostamente usado informações sigilosas sobre a sua delação premiada para lucrar no mercado de capitais, vendendo ações e fazendo reservas de dólares antes de a delação vir a público.

"As ações da JBS, como outras, no dia seguinte do vazamento caíram, mas nós não temos nada a ver com esse vazamento", disse Joesley. "Nós vendemos antes [do vazamento da delação], durante e continuamos vendendo porque o motivo da venda é necessidade de caixa, não tem a ver com o preço da ação."

O empresário negou ter operado com informação privilegiada. "Eu lhe asseguro que essas operações de venda de ação não tem absolutamente nada a ver com 'insider trading' [apelido do crime pelo qual é acusado]."

Ele também listou como justificativa para a venda de ações o fato de que, após a crise, os bancos terem restringido crédito, sem renová-los, e disse que neste ano os dividendos de seu grupo empresarial ficaram abaixo da expectativa.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES