Governo faz apelo para Israel não bombardear abrigo com brasileiros em Gaza

Israel tem conhecimento do local de abrigo: a Rosary Sister School já foi alvo de um ataque por parte do Estado judeu

Bombardeios em Gaza | Yahya Hassouna / AFP
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O Itamaraty reuniu 13 dos 28 brasileiros que residem em Gaza e solicitaram sua saída da região em uma escola católica nesta quarta-feira (11). O governo brasileiro fez um apelo a Israel para preservar o edifício de ataques durante sua campanha aérea contra o grupo palestino Hamas, que controla a região desde 2007. Quinze cidadãos fizeram opção por aguardar uma decisão sobre a remoção em suas residências. 

Israel tem conhecimento do local de abrigo: a Rosary Sister School já foi alvo de um ataque por parte do Estado judeu em maio de 2021, resultando em danos ao edifício. Naquela ocasião, as Forças de Defesa de Israel declararam que a escola estava desocupada e sendo usada por terroristas do Hamas como esconderijo. A instituição está localizada no extremo sudeste da cidade de Gaza, capital da Faixa homônima.

Além disso, nesta quarta-feira, dois dos 30 brasileiros que se registraram no Escritório de Representação do Brasil em Ramallah (Cisjordânia) para deixar o território sob ataque decidiram não partir. Restam agora 15 crianças, seis mulheres adultas, seis homens adultos e uma mulher idosa.

A situação é muito delicada para os quase 3.000 brasileiros, sendo 60% deles turistas, que solicitaram repatriação em voos da Força Aérea Brasileira, os quais já estão operando com saídas diárias. Afinal, eles encontram-se em Israel e, apesar da situação arriscada decorrente dos conflitos e dos ataques de foguetes do Hamas, têm acesso ao Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, que permanece aberto.

Contrastando com a situação em Israel, Gaza enfrenta um bloqueio desde 2007, com o Egito controlando a fronteira sul. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, está em negociações com o Cairo para garantir a saída pelo posto de controle único de Rafah para um ou dois ônibus com brasileiros.

No entanto, a negociação não é simples e não é exclusiva ao Brasil, pois os Estados Unidos e outros países com maior número de cidadãos na região também estão participando das tratativas. Há especulações sobre um salvo-conduto para até 2.000 pessoas por dia, mas nada está confirmado.

O maior desafio está em Israel, que está cercando Gaza e conduzindo o maior ataque aéreo de sua história como retaliação à mega-ação terrorista do Hamas no sábado passado (7), que resultou na morte de mais de 1.200 israelenses, incluindo 189 soldados.

Do lado palestino, o número de mortos é de ao menos 1.100 até o momento. No entanto, o cerco e a interrupção do fornecimento de energia e água para a região dificultam os resgates sob os edifícios reduzidos a escombros. A situação relatada pelos brasileiros é de extrema apreensão.

Portanto, para que um comboio, mesmo que pequeno, possa deixar a cidade de Gaza em direção a Rafah, seria necessária uma coordenação que parece bastante improvável com as forças de Israel. A agência da ONU na região busca negociar um corredor para facilitar essa retirada, mas até o momento não houve acordo. Ademais, há a possibilidade de brasileiros terem sido sequestrados pelo Hamas durante a ação e estarem sendo mantidos como reféns em Gaza.

Horas após afirmar em vídeo que há cidadãos brasileiros entre os sequestrados, Jonathan Conricus, o porta-voz internacional do Exército de Israel, disse à Folha que pode haver brasileiros, mas que isso não está completamente confirmado.

Conricus declarou que as informações sobre a possível presença de brasileiros são provenientes de relatos de fontes anônimas e do trabalho em campo dos militares. Não se sabe ao certo quantos brasileiros estariam envolvidos. "A situação toda é muito fluida neste momento, e realmente torcemos para que não haja brasileiros entre os sequestrados", afirmou.

Anteriormente, durante uma transmissão ao vivo no X (antigo Twitter), ele havia afirmado que, além de israelenses, estariam entre os reféns do Hamas cidadãos americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, argentinos, ucranianos, entre outros.

Desde o início do conflito, já foi confirmada a morte dos brasileiros, a estudante Bruna Valeanu, 24 anos, e Ranani Glazer, 23 anos. Eles participavam de rave a menos de 6 km da Faixa de Gaza, que foi atacada pelos terroristas. Há informação de outro brasileiro desaparecido.



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