Investigação de J. Roriz no Supremo pode atrasar processo

Ex-governador José Roberto Arruda deve ser favorecido com foro privilegiado

Avalie a matéria:
Jaqueline Roriz. | R7
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu nesta quinta-feira (10) o pedido feito pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para investigar a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF). O processo será analisado pelo ministro Joaquim Barbosa, o mesmo que cuida do caso do mensalão do PT, e ainda não tem previsão de resposta.

A abertura de um inquérito contra Jaqueline pode resultar na chamada junção dos feitos. Isso quer dizer que todos os investigados no mensalão do DEM, que resultou na queda do ex-governador José Roberto Arruda, podem ganhar foro privilegiado, entre eles o próprio Arruda e o ex-procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra.

De acordo com procuradores federais envolvidos no caso e ouvidos pelo R7, Gurgel não vai pedir a junção por enquanto. Isso porque a PGR sequer enviou a denúncia sobre o mensalão do DEM ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), responsável pelo julgamento dos futuros acusados. Há quase um mês, Gurgel chegou a afirmar que a demora se dá por atrasos nas diligências feitas pela PF (Polícia Federal).

- Tivemos realmente uma série de dificuldades com a PF, com atrasos de perícias e tudo o mais. Ainda há uma série de diligências pendentes, mas a gente espera conseguir resolver isso e ter condições realmente de apresentar a nossa conclusão

Os procuradores, no entanto, admitem que seja inevitável que os dois casos se concentrem em um único processo. O próprio Durval já admitiu, em depoimento, que o esquema teve início durante o governo de Joaquim Roriz, pai de Jaqueline.

Lentidão

O problema na junção dos feitos é que poderia acabar repetindo a mesma demora processual que se vê no julgamento do mensalão do PT, que se arrasta desde 2007. Na opinião do presidente da OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal), Francisco Caputo, é preferível aceitar a lentidão à impunidade.

- Prefiro que haja denúncia da Jaqueline e a reunião dos feitos no Supremo, ainda que isso importe num pequeno retardo da conclusão da investigação, do que deixar impune um ilícito flagrante que foi revelado por esse vídeo.

Caputo é ainda mais rigoroso com Durval Barbosa. Para o advogado, o delator tem divulgado os vídeos de acordo com seus interesses, atrapalhando a investigação feita pelo Ministério Público e pela PF. Outros 30 vídeos já foram divulgados, mas a Polícia Federal estima que haja mais de 200 gravações.

- O que vou tentar fazer com o Ministério Público é ver se tem outros vídeos. Acho que a sociedade tem o direto de conhecer toda a verdade sobre esse caso. Se não tiver, e amanhã aparecer, que se casse esse benefício da delação. O único premiado até agora foi ele. Não vi nenhum benefício para o processo até agora, não vi bloqueio de bens suficientes para o ressarcimento do Erário. Essas coisas causam perplexidade.

Entenda o caso

A deputada federal recém-eleita Jaqueline Roriz, filha do ex-governador Joaquim Roriz, foi flagrada em um vídeo recebendo maços de dinheiro do pivô do escândalo conhecido como mensalão do DEM, Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do DF.

O vídeo, divulgado na última sexta-feira (4) pelo site do jornal O Estado de S. Paulo, mostra Durval entregando o dinheiro ? R$ 50 mil, de acordo com o Estado ? à deputada, que está acompanhada do marido, Manoel Neto. De acordo com o site do jornal, o vídeo foi gravado em 2006, quando Jaqueline era candidata a deputada distrital pelo PSDB.

As investigações do mensalão do DEM se tornaram públicas no fim de 2009, após a Polícia Federal deflagrar a operação Caixa de Pandora, que investiga um suposto esquema de arrecadação e pagamento de propina comandado pelo então governador do DF José Roberto Arruda, apadrinhado político de Joaquim Roriz que posteriormente rompeu com o ex-governador. Arruda, que ficou preso por dois meses após a tentativa de suborno de uma testemunha, sempre negou envolvimento no caso.

Além do governador, o escândalo envolveu secretários do DF, auxiliares de Arruda, e deputados distritais que recebiam dinheiro a partir das mãos de Barbosa. Agora, com a filha de Roriz, então candidata a distrital, aparecendo no vídeo, amplia-se o círculo de envolvidos.

Na gravação, o marido de Jaqueline reclama com Barbosa quando o ex-secretário diz que as remessas ficariam entre três e cinco, e não em seis, como inicialmente combinado. "Rapaz, não é fácil ser candidato. Resolve isso para mim cara!", diz Manoel Neto.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES