“Marina, Dilma e o 2º turno”, por Jurandy Porto (IAB)

O eleitor foi livre para votar nela, em atenção ao seu discurso, ao seu valor pessoal, ao seu carisma e à sua reputação política

Jurandy Porto | Divulgação
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A votação em um candidato que não foi para o 2° turno das eleições não é transferível a outro, simplesmente porque o queira ou o recomende votado. Voto não é propriedade de ninguém. Os quase vinte milhões de votos alcançados por Marina Silva não pertencem a Marina, de modo a lhe permitir transferência ou cessão deles.

O eleitor foi livre para votar nela, em atenção ao seu discurso, ao seu valor pessoal, ao seu carisma e à sua reputação política. Continuará o eleitor livre para optar entre Dilma ou Serra, uma vez que ela saiu do páreo. Se ela cair na armadilha de estimular transferência dos votos obtidos no primeiro turno, para um ou outro candidato, cometerá grande erro político e arranhará seu carisma. Estaria manipulando o que não lhe pertence ? a liberdade de escolha do eleitor nesta última fase da competição.

Mais da metade de sua votação veio de Dilma, não de Serra. Provavelmente voltará ao seu estuário de origem. Do ponto de vista programático e pela simbologia e história de vida de ambas, elas estão bem próximas uma da outra. Marina, por tudo quanto possa servir de parâmetro, distancia-se de Serra. O povo vê isso. Ninguém precisa dizer.

Elas lutaram bravamente por seus ideais, com risco para suas vidas, durante a ditadura. Nenhuma saiu do país, escafedendo-se pela via do chamado "auto-exílio". Permaneceram no campo de luta.

Mas ninguém é igual a outro. Elas diferem. Não em substância, em conteúdo, mas no método de ação política. Enquanto Marina Silva embrenhou totalmente na intransigência de discurso ambientalista e ecológico, de defesa da natureza e do desenvolvimento sustentável, Dilma Roussef abarca universo mais abrangente, envolvendo a eliminação da pobreza e da miséria, os programas de grande impacto social, além do desenvolvimento econômico-social-sustentável.

O discurso da Dilma contém o de Marina, indo bem mais além. Aquela é mais prática, parte para ação; esta, mais lírica, romântica, por isso mesmo mais fascinante. Manter uma coerência teórica no discurso ambientalista inflexível é fácil, mais cômodo. Defrontar-se com a temperatura da realidade, no embate com divergentes, tendo de tomar decisões de governo, então é preciso descer do poético e fazer concessões às teses abstratas. Na prática a teoria é outra. Jamais se deixaria de fazer uma grande barragem para geração de energia elétrica porque alguns animais sofreriam ou morreriam. Fontes não poluentes de energia, como a hídrica, também respeitam o meio-ambiente.

O fundamentalismo ambiental não se tem revelado salutar. Nas divergências entre Dilma e Marina acerca da hidrelétrica do Belo Monte, na região do Xingu, no Pará (a maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira, sendo a terceira maior do mundo), teve razão o Governo Lula, arrostando a intransigência dos militantes ambientalistas.

O segundo turno é uma nova eleição. E Marina não é fiel dessa balança.

O povo aprova o governo Lula (mais de 70%). É natural a liberdade de opção pela continuidade do seu projeto, através da eleição de Dilma Roussef. Ela encarna a segurança do prosseguimento desse projeto.



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