Mensalão do DEM desviou pelo menos R$ 110 milhões, diz PGR

O ex-governador do DF, José Roberto Arruda, é um dos denunciados

Avalie a matéria:
Esquema do mensalão do DEM | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O esquema de cobrança de propina de empresários que derrubou o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido) teria desviado, aproximadamente, R$ 110 milhões dos cofres públicos.

A cifra foi calculada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apresentou nesta sexta-feira (29) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) denúncia contra 37 pessoas, etre eles Arruda, suspeito de chefiar o mensalão do DEM. A defesa de Arruda diz que não tomou conhecimento da denúncia.

Segundo a Procuradoria, o valor de R$ 110 milhões representa a quantia repassada entre 2005 e 2010 pelo governo do Distrito Federal, a título de prestação de serviços, às empresas que integravam o esquema.

Também fazem parte do rol de denunciados o ex-vice-governador Paulo Octávio, o ex-secretário de Relações Institucionais e delator do esquema, Durval Barbosa, ex-secretários de estado, deputados distritais e o conselheiro licenciado do Tribunal de Contas do DF Domingos Lamoglia.

Mesmo afastado do Tribunal de Contas desde dezembro de 2009, Lamoglia mantém o foro privilegiado. A prerrogativa do conselheiro é que levou a denúncia para o STJ, na medida em que os demais envolvidos que tinham foro perderam seus cargos por conta do escândalo.

De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um decreto publicado por Arruda teria permitido os pagamentos mesmo sem comprovação dos serviços prestados. O método, complementou Gurgel, teria permitido contratações com dispensa de licitação, principalmente de empresas do setor de informática.

?Era um negócio fantástico. Por exemplo, você conhece uma pessoa que é dona de uma empresa, aí afirma no despacho que essa empresa vem prestando serviços de limpeza para o governo. Não é necessário que ela tenha prestado esse serviço, desde que várias pessoas afirmem que ela vem prestando. Com isso, foi possível pagar valores extremamente generosos, obtendo futuramente a contrapartida?, relatou Gurgel.

Apesar de previsto na legislação para casos excepcionais, o dispositivo, afirmam os procuradores, teria se tornado corriqueiro no DF, ?com autorização expressa e sem condicionantes de excepcionalidade do próprio Arruda".

Arruda solicitou propina a empresários do setor de informática mediante promessas de contratar serviços de suas empresas, assegurando-lhes certo valor contratual, que cumpriria durante seu governo, caso fosse eleito. O estratagema prometido é ilícito porque baseia-se em burla à lei de licitações e em fraude à concorrência pública, além de caracterizar ato de improbidade administrativa.

Por meio desse dispositivo, as contas das empresas Linknet, Adler, Call Tecnologia, Vertax, CTIS, Conecta e Unirepro eram abastecidas com recursos públicos, mesmo sem comprovação de que haviam prestado os serviços para a administração pública.

?Desta forma o líder da quadrilha, governador Arruda, seu vice-líder, Paulo Octávio, e todos os seus comandados que são funcionários públicos, ora denunciados, tornaram regular o que deveria ser a exceção, favorecendo com atos administrativos diretamente os interesses da quadrilha e abusando do seu mandato eletivo?, destacaram os procuradores na denúncia.

A apuração da Procuradoria-Geral também identificou que, em 2009, ano em que a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Caixa de Pandora, as empresas Linknet e Adler teriam recebido R$ 40,5 milhões e R$ 8,3 milhões, respectivamente. As duas firmas, diz a denúncia, ocupariam o topo da lista das empresas de informática que abasteciam esquema no Distrito Federal.

Partilha do dinheiro

A denúncia da Procuradoria também detalha a partilha do dinheiro desviado

dos cofres públicos. Conforme o procurador-geral, Arruda recebia 40% da propina, Paulo Octávio 30%, e os secretários de estado, 20%. A fatia, porém, variava de acordo com cada contrato, enfatizou Gurgel.

A Secretaria que mais teria utilizado o ?reconhecimento de dívida? entre 2008 e 2009, informou à Justiça a PGR, foi a Secretaria de Planejamento e Gestão. À época, o titular da pasta era Ricardo Pinheiro Penna, um dos 37 denunciados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. De acordo com a acusação, ?quase 88% dos casos analisados? seriam relativos às empresas Linknet, Vertax e Adler.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES