“Moralmente, ninguém vai me derrotar”, diz Tuma Jr.

Ministério diz que só vai se manifestar depois de reunião de Barreto e Tuma.

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Tuma | G1
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O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, negou nesta terça-feira (11) que o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, tenha pedido o seu licenciamento temporário do cargo, como forma de diminuir as pressões provocadas pelas denúncias de suposta ligação de Tuma Júnior com a máfia chinesa de São Paulo e de suposto tráfico de influência. No encontro que durou três horas e avançou a madrugada nesta terça, Tuma Júnior disse ter conversado "sobre diversos assuntos" de trabalho com Barreto e afirmou: "Moralmente, ninguém vai me derrotar".

Nesta segunda, o Ministério da Justiça recebeu informações complementares da Polícia Federal (PF) sobre as denúncias que envolvem o secretário nacional de Justiça. De posse dos documentos, Barreto foi ao Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo, para conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois do encontro, retornou ao Ministério da Justiça e se trancou por três horas com Tuma Júnior no gabinete.

"Conversamos sobre diversos assuntos e outros casos que estão em andamento. Ele não pediu meu afastamento. Estão dizendo muita coisa que não é verdade. Minha agenda continua normal. O combate ao crime organizado continua. Moralmente, ninguém vai me derrotar"

Romeu Tuma Jr, Secretário Nacional de Justiça

"Conversamos sobre diversos assuntos e outros casos que estão em andamento. Ele não pediu meu afastamento. Estão dizendo muita coisa que não é verdade. Minha agenda continua normal. O combate ao crime organizado continua. Moralmente ninguém vai me derrotar", afirmou Tuma Júnior ao G1.

Oficialmente, o Ministério da Justiça diz que só vai comentar a situação de Tuma Júnior na pasta depois que Barreto se reunir novamente com Tuma Júnior. O encontro está previsto para ocorrer no começo da tarde desta terça-feira. Segundo a assessoria do ministério, o próprio Tuma Júnior deve se pronunciar sobre o caso.

Desde o dia 5 de maio, o secretário nacional de Justiça aparece no centro de uma série de reportagens publicadas pelo jornal "Estado de S.Paulo" revelando gravações telefônicas e e-mails entre Tuma Júnior e o suposto chefe da máfia chinesa de São Paulo Li Kwok Kwen, o Paulo Li, interceptados pela Polícia Federal durante investigação sobre contrabando. Paulo Li foi denunciado pelo Ministério Público Federal no fim do ano passado por formação de quadrilha e descaminho (contrabando) e está preso.

Tuma Júnior revelou que "jamais imaginava" que o caso fosse ganhar tamanha repercussão e disse que sua permanência no cargo não é uma "questão jurídica", é "questão de resistência física". "Nunca imaginei que isso chegasse a esse tamanho. Me defender agora não é nem questão jurídica, é questão física. Porque estão vendendo uma fumaça como se isso estivesse acontecendo agora. Como se o cara [Paulo Li] estivesse andando comigo agora. Eu quero que ele se exploda preso", disse Tuma Júnior. "É muito complicado me defender porque ainda não tive acesso aos autos. Tem dez dias que estão me massacrando. Estou sendo vítima de uma campanha sórdida", complementou.

No comando da Secretaria Nacional de Justiça, Tuma Júnior diz "ter criado instrumentos de Estado para combater a corrupção": "E isso vai continuar. Não adianta pensar que eu saindo do cargo, o Estado vai parar de combater o crime organizado." Tuma Júnior avalia que as denúncias contra ele são obra do crime organizado e que tudo estaria ocorrendo em função de duas grandes ações de sua pasta: "Tem dois grandes casos em andamento e em fase de definição. Não é só por isso. Mas é por isso também", argumentou.

Investigações

O secretário nacional de Justiça voltou a lembrar que nunca foi denunciado por suposta participação nos casos investigados pela Polícia Federal. "Eu fui averiguado e fui investigado. Não fui indiciado, não fui denunciado e não fui processado. O delegado chegou à conclusão de que não cometi crime. O promotor concluiu que não tinha elementos para me denunciar porque eu não cometi crime?, argumentou.

Segundo Tuma Júnior, na conversa que teve com Barreto, ele não chegou a tratar do que havia sido discutido entre o ministro e o presidente Lula. Ele revelou ainda ter solicitado a abertura de duas investigações sendo uma para apurar o vazamento das informações para imprensa e a outra para apurar o desaparecimento do depoimento que ele diz ter prestado à Polícia Federal, quando da prisão de Paulo Li, em setembro de 2009: "Pedi a abertura de investigação para apurar o vazamento ilegal do processo para o jornal [Estado de S. Paulo] e também pedi para investigar o sumiço do meu depoimento."

Comissão de Ética

O secretário nacional de Justiça voltou a lembrar que apresentou nesta segunda um pedido à Comissão de Ética Pública da Presidência da República para prestar depoimento sobre as denúncias de suposto envolvimento com a máfia chinesa de São Paulo e possível tráfico de influência. ?É o único foro em que tenho que me defender. Querem uma condenação moral, porque crime eu não cometi. E condenação moral não está prevista no Código Penal?, afirmou. ?Depondo na comissão, eles vão ter certeza de que agi dentro da lei. Queria ser ouvido hoje. Mas respeito os prazos deles?, complementou o secretário em entrevista ao G1 nesta segunda.

Além de se apresentar para esclarecer pessoalmente as denúncias, Tuma Júnior disse, nesta segunda, ter solicitado ele mesmo a abertura de procedimento para apurar a sua conduta e para que ele possa ?responder o que a comissão entender pertinente?. ?Desde a primeira hora da manhã, o meu advogado procurou os integrantes da comissão. Ele fez a petição para que eu pudesse me apresentar e pedi que a comissão abrisse uma investigação.?



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