“Não serei condenado”, diz Roberto Jefferson sobre mensalão

Para ele, STF cometeria “absurdo jurídico”. Julgamento começa no dia 2

Roberto Jefferson durante Convenção Nacional do PTB, em Brasília | Ed Ferreira / Agência Estado
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Delator do mensalão, maior escândalo do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou nesta quarta-feira (18) ao G1 ter convicção de que será absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Jefferson é um dos 38 réus no julgamento programado para se iniciar no próximo dia 2. O dirigente partidário foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

"Não serei condenado. Não há condição de me condenarem. É um absurdo jurídico tão grande que penso que o Supremo não vai fazer isso", afirmou Jefferson em entrevista antes de ser reconduzido à presidência do PTB durante convenção nacional do partido em Brasília.

Ex-deputado federal, Jefferson revelou em 2005 o suposto esquema operado, segundo denúncia da PGR, por integrantes da administração Lula (2003-2010), entre eles o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. De acordo com a denúncia o esquema consistia em pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político para o governo no Congresso.

Batizado de mensalão, o escândalo resultou na criação de uma CPI e culminou na cassação dos mandatos de Dirceu e do próprio Jefferson.

Em abril de 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou 40 suspeitos de envolvimento no esquema, incluindo Jefferson. Depois, disso, o ex-deputado José Janene morreu e o ex-secretário do PT Silvio Pereira fez acordo com o Ministério Público - em troca da prestação de serviços comunitários, o processo dele foi suspenso. Dos 38 que restaram, o atual procurador-geral, Roberto Gurgel, pede a condenação de 36 e a absolvição do ex-ministro Luiz Gushiken e de Antonio Lamas, irmão de um dos réus.

O presidente do PTB é acusado pelo Ministério Público de ter recebido R$ 4 milhões do PT. Segundo os procuradores da República, a cifra teria sido desviada da administração pública com aval da cúpula petista a fim de comprar votos de parlamentares para aprovar projetos de interesse do governo. À época, o dirigente petebista integrava a base de apoio do governo Lula.

Jefferson afirma que, no momento em que detonou o escândalo, não tinha ideia da dimensão que a denúncia tomaria. "Pensei que seria uma luta política, mas nunca com esse desdobramento que vivemos hoje. Não imaginei que aquela denúncia pudesse atingir tanta gente e pudesse chegar aonde chegou. Até porque não tinha noção do volume de tudo, sabia apenas algumas coisas", disse.

Apesar do risco de ser preso em caso de condenação, o dirigente do PTB diz que não se arrepende de ter trazido à tona o suposto esquema de pagamento de propinas.

"Fiquei perplexo lá atrás com o tamanho da briga, mas como já estava nela não podia correr. Faria tudo outra vez", declarou.

A defesa de Jefferson alega que o petebista teria sido "injustiçado" ao ser denunciado ao lado dos outros suspeitos de terem se beneficiado de recursos desviados pelo mensalão.

Segundo o advogado do ex-deputado, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, Jefferson teria sido uma "notável" testemunha de acusação.

"Para que não falasse, foi silenciado, sendo denunciado como co-réu em uma ação penal sem pé nem cabeça em relação a ele. É por isso que confiamos em sua absolvição", afirmou Barbosa.

Jefferson disse ter ficado "surpreso" ao ser relacionado como denunciado. Na avaliação do ex-deputado, ele teria sido sido incluído no rol de suspeitos por uma "questão política".

"Entendo que ele [Antonio Fernando de Souza] não podia denunciar os próceres do PT e me deixar de fora. Ficaria em uma posição política muito delicada. Então, me colocou no bolo para igualar a todos. Quis dizer é que todos são iguais perante a denúncia, que não há heróis", disse.



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