PMDB faz as contas para fechar Temer como vice

O partido se dedica para manter unido o Rio de Janeiro

Michel Temer | Divulgação
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A menos de 20 dias da data marcada para a convenção nacional do PMDB, que decidirá sobre o que o partido vai fazer nas eleições, o comando partidário faz contas. Quer ter a certeza da aprovação, com folga, do nome do presidente nacional da sigla e da Câmara dos Deputados, Michel Temer, para vice na chapa encabeçada por Dilma Rousseff (PT) à presidência da República. A maioria das lideranças partidárias, inclusive aquelas que preferiam ver o PMDB oficialmente ao lado do pré-candidato do PSDB na disputa, José Serra, apostam que a ala do partido que está no governo Lula ganha a convenção. Mas são vários os entraves nos estados e o comando partidário ainda teme a possibilidade de surpresas.

Dos 27 estados, 13 (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Rondônia, Bahia, Ceará, Pernambuco, Acre e Pará) apresentam resistências ou dissidências à coligação. Em alguns, como o Acre, a possibilidade de palanque duplo é inexistente. Outros, onde a situação pode se radicalizar, como Minas Gerais, são grandes colégios eleitorais. Somados, os 13 estados totalizam mais da metade dos 804 votos da convenção. Dos cinco maiores colégios, inclusive, apenas o Rio de Janeiro, que possui 10% dos votos da convenção, está "tranquilo" na avaliação dos peemedebistas que trabalham pela chapa Dilma/Temer.

O partido se dedica para manter unido o Rio de Janeiro, onde o PT apoia na disputa estadual o governador Sérgio Cabral (PMDB), que pretende a reeleição. Mas a possibilidade de Dilma subir no palanque do pré-candidato do PR ao governo do Estado, Anthony Garotinho, tem fortes resistências por parte de Cabral e pode gerar "ruídos" entre alguns dos convencionais.

No segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais, PT e PMDB ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre quem vai ter a cabeça de chapa: Hélio Costa (PMDB) ou Fernando Pimentel (PT). Em 6 de junho (antes, portanto, da convenção do PMDB, no dia 12, e do encontro do PT, no dia 20) integrantes da comissão composta para encaminhar as negociações devem bater o martelo. "Só vamos apoiar o PT nacionalmente se a cabeça de chapa em Minas for nossa. Caso contrário, vamos deixar o partido livre", resume o presidente do PMDB em Minas Gerais, o deputado federal Antônio Andrade.

Os estados que possuem entraves para a coligação na corrida presidencial podem "fazer barulho" na convenção, mas não têm uma postura unânime. Por isso também os que defendem a chapa Dilma/Temer arrancam na frente. Enquanto em Minas o impasse envolve quem será o candidato ao governo, no Rio Grande do Sul, por exemplo, a questão é outra. Bases e lideranças do PMDB gaúcho preferem Serra à Dilma e começam a antecipar movimentos.

Na semana que passou, Serra viajou a Porto Alegre para uma reunião com deputados estaduais peemedebistas, organizada pelo deputado federal gaúcho Osmar Terra (PMDB). A iniciativa respingou no discurso oficial do PMDB do Rio Grande do Sul, que defende a candidatura própria do partido à presidência da República; e o presidente estadual da sigla, senador Pedro Simon, reuniu a executiva regional no final de semana para comunicar que encaminhará uma moção pela candidatura própria na convenção.

O nome defendido publicamente pelos peemedebistas gaúchos é o do ex-governador do Paraná, Roberto Requião. O PMDB gaúcho sabe que Requião já está em campanha pelo Senado no Paraná, mas aproveita o discurso da candidatura própria para ganhar tempo e protelar uma decisão, já que a divisão será inevitável. "Em torno de quem se consolidaria uma candidatura própria, se ninguém se apresentou. O Requião, infelizmente, não levou a candidatura adiante", resume o mineiro Andrade, explicitando a diferença de pontos de vista entre os estados que possuem ressalvas à união com o PT.

"Na realidade, nós nos insurgimos porque as coisas caminhavam muito na cúpula, com o lançamento do Temer para ser vice da Dilma. Temos muito apreço pelo Temer, mas tem cada um com ele, sabe como é. De qualquer forma, as bases no Paraná falam em candidatura própria, mas a gente precisa ser muito racional nestas horas", explica o presidente do PMDB paranaense, o deputado estadual Waldyr Pugliesi.

No Paraná, terceiro maior colégio na convenção nacional, a avaliação dos convencionais também depende das negociações estaduais, e o PMDB se reúne até quarta-feira (26) para decidir o que vai fazer. "Hoje, se colocar no diretório, o jogo pende para a Dilma. Eu, se a eleição fosse amanhã, votava na Dilma", assinala Pugliesi.

Na semana que passou, o deputado federal gaúcho e presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha, que tem postura de oposição ao PT, sugeriu a Temer uma fórmula que deve "acomodar" a situação. Por ela, as coligações estaduais são respeitadas e aqueles que não quiserem fazer campanha para a chapa Dilma/Temer não serão obrigados. Mas também não farão campanha aberta para o adversário. A solução (que não é inédita no PMDB), deve acalmar os dissidentes.

Os que defendem a indicação de Temer para vice de Dilma contam ainda com o que pode ser uma segunda vantagem: os delegados dos partidos não são necessariamente integrantes das executivas estaduais e podem ser convencidos no conhecido corpo-a-corpo, seguindo posição diferente daquela do comando partidário regional. Já começaram a ser contatados. "Não vai faltar saliva, mas vai se gastar saliva sim", resume o deputado Padilha, lembrando Ulysses Guimarães. Ulysses costumava dizer que a saliva é o combustível da política.

Veja o peso dos estados na convenção do PMDB, conforme o número de votos de cada um:

Rio de Janeiro - 80

Minas Gerais - 69

Paraná - 60

Rio Grande do Sul - 52

Ceará - 49

Pará - 46

Goiás - 45

Santa Catarina - 42

São Paulo - 38

Espírito Santo - 31

Paraíba - 30

Maranhão - 26

Bahia - 25

Mato Grosso do Sul - 23

Pernambuco - 23

Alagoas - 21

Rio Grande do Norte - 18

Distrito Federal - 17

Tocantins - 17

Piauí - 17

Rondônia - 15

Amapá - 13

Amazonas - 13

Mato Grosso - 11

Roraima - 8

Acre - 8

Sergipe - 7

Total de votos - 804

Total de convencionais - 569

O número de votos é superior ao número de convencionais porque alguns destes últimos, de acordo com a posição que ocupam na estrutura partidária, têm direito a mais de um voto.



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