Precisamos ter mais boa vontade com o governo Lula, diz Campos Neto

Campos Neto afirmou que teve “uma conversa muito boa” com a ministra Simone Tebet sobre gastos públicos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto | Nadja Kouchi/Divulgação
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RAFAEL BALAGO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça (14) que é preciso ter boa vontade com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e elogiou sua política econômica.

 O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto Foto:  Nadja Kouchi/Divulgação

"O investidor é muito apressado, muito afoito. A gente tem que ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Tem uma boa vontade enorme do ministro Fernando Haddad [Fazenda] de falar, 'olha, nós temos um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina'. Tem um arcabouço que está sendo trabalhado, já foram elaborados alguns objetivos", disse Campos Neto durante evento do banco BTG Pactual nesta manhã.

As declarações ocorrem um dia após participação do presidente do BC no programa Roda Viva, da TV Cultura, em meio a uma série de ataques do governo à atual política monetária.

Durante a entrevista, Campos Neto defendeu a atuação do BC e criticou uma eventual mudança da meta de inflação -como vem sendo discutido por petistas-, mas disse que fará tudo ao seu alcance para aproximar o BC do governo. Ele também ressaltou o esforço fiscal de Haddad.

"Se a gente fizer uma mudança agora, sem um ambiente de tranquilidade e um ambiente onde a gente está atingindo a meta com facilidade, o que vai acontecer é que você vai ter um efeito contrário ao desejado. Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo flexibilidade", afirmou no programa.

A expectativa sobre uma mudança nas metas de inflação foi gerada por uma entrevista de Lula, que considerou exagerados os patamares atuais e defendeu 4,5%, o mesmo nível fixado em seus dois primeiros mandatos.

Campos Neto sofreu uma série de ataques de Lula, que chamou os juros de "vergonha", a autonomia do BC de "bobagem" e se referiu ao presidente do BC como "esse cidadão".

As críticas do governo a Campos Neto se acentuaram depois de uma imagem captada pela fotógrafa da Folha de S.Paulo Gabriela Biló, em 10 de janeiro, mostrando que ele ainda era integrante de um grupo de WhatsApp chamado "ministros Bolsonaro".

Depois que a imagem da tela de celular do senador Ciro Nogueira (ex-Casa Civil) foi a público, Campos Neto deixou o grupo.

Nesta terça, durante o evento do BTG, o presidente do BC afirmou ainda que a mudança de postura da atual gestão em relação à questão ambiental trouxe ganhos ao Brasil.

"A boa vontade com o brasileiro é enorme. Tinha um tema ambiental de fato, e a gente falava muito com investidores sobre isso. Eu levantei muito essa bandeira, que esse era um tema que vai definir se o dinheiro vai voltar ou não", afirmou. "Se você não for inclusivo e não for sustentável, você não faz parte da recuperação."

Campos Neto também disse que teve "uma conversa muito boa" com Simone Tebet, ministra do Planejamento, sobre gastos públicos.



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