TCU: 2 milhões de munições foram vendidas de forma irregular na gestão Bolsonaro

Os dados apontaram que as munições foram adquiridas utilizando CPFs de menores de 18 anos e até mesmo de pessoas falecidas

Tribunal de Contas da União | Valter Campanato/Agência Brasil
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Durante a gestão do presidente Bolsonaro, uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) revelou graves irregularidades na venda de munições no país. De acordo com o relatório, mais de 2 milhões de munições foram comercializadas de forma irregular. O Sistema de Controle de Venda e Estoque de Munições (Sicovem), utilizado pelo Exército, foi identificado como o meio pelo qual essas transações foram realizadas.

QUEM COMPROU: Os dados do Sicovem apontaram que as munições foram adquiridas utilizando CPFs de menores de 18 anos e até mesmo de pessoas falecidas. Além disso, não foi observada a devida correspondência entre os calibres das munições e as armas registradas, permitindo, por exemplo, a compra de munição de fuzil 5,56 mm com documentos de armas calibre 22.

O QUE FOI ILEGAL: Entre as irregularidades encontradas, destacam-se 164 vendas para 151 CPFs de menores de 18 anos, além de 6.669 munições destinadas a pessoas falecidas. Adicionalmente, foram liberadas 30.409 munições para armas previamente registradas como perdidas, roubadas ou furtadas, e 267.993 munições destinadas a colecionadores, as quais, na prática, não poderiam ser utilizadas.

Segundo Bruno Langeani, consultor sênior do Instituto Sou da Paz, o sistema atualmente utilizado por lojistas é vulnerável, pois aceita informações sem qualquer verificação, o que facilita fraudes.

Essa situação ganhou destaque após a descoberta de uma organização criminosa no Maranhão, que despejou aproximadamente 60 toneladas de munição no mercado ilegal brasileiro. A investigação revelou que membros dessa organização inseriram informações falsas no sistema do Exército, aproveitando-se de uma falha no Sicovem.

O QUE É O SICOVEM: Implantado em 2007, é de propriedade da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), que monopoliza a venda de munições não militares no país. Especialistas criticam essa relação, destacando a necessidade de um sistema próprio do Exército para garantir maior segurança e controle.

Diante das críticas e das irregularidades apontadas, o Exército anunciou o desenvolvimento de um novo sistema, que deverá cruzar dados e contar com verificação do CPF junto à Receita Federal, além de acessar a base de dados do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma). No entanto, ainda não está finalizado.

O deputado Alberto Fraga, presidente da Comissão de Segurança e Crime Organizado da Câmara, destacou a necessidade de responsabilização dos envolvidos e criticou a negligência por parte do poder público. Essa situação reforça preocupações quanto ao controle de armas e munições no país, especialmente diante do cenário de aumento da violência e do uso de armamentos ilegais em atividades criminosas.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Avalie a matéria:
Tópicos
SEÇÕES