A Índia é o novo epicentro da pandemia global, registrando cerca de 400 mil novos casos por dia em maio de 2021. Por mais sombria que seja, essa estatística falha em capturar o horror absoluto que se desenrola ali. Os pacientes da covid-19 estão morrendo em hospitais porque os médicos não têm oxigênio para administrar e nenhum medicamento que salva vidas como o remdesivir. Os doentes são rejeitados em clínicas que não têm leitos gratuitos.
Muitos indianos culpam um homem pela tragédia do país: o primeiro-ministro Narendra Modi.
Em janeiro de 2021, Modi declarou em um fórum global que a Índia “salvou a humanidade… ao conter o coronavírus de forma eficaz”. Em março, seu ministro da Saúde proclamou que a pandemia estava chegando ao “fim do jogo”. A covid-19 estava ganhando força na Índia e em todo o mundo – mas seu governo não fez preparativos para possíveis contingências, como o surgimento de uma variante da covid-19 mais mortal e contagiosa.
Mesmo com bolsões significativos do país não tendo suprimido totalmente o vírus, Modi e outros membros de seu partido realizaram massivas manifestações de campanha ao ar livre antes das eleições de abril. Poucos participantes usavam máscaras. Modi também permitiu que um festival religioso que atrai milhões de pessoas ocorresse de janeiro a março. As autoridades de saúde pública agora acreditam que o festival pode ter sido um evento superpropagador e foi “um erro enorme”.
Enquanto Modi elogiava seus sucessos no ano passado, a Índia – o maior fabricante mundial de vacinas – enviou mais de 10 milhões de doses de vacinas aos países vizinhos. Mesmo assim, apenas 1,9% dos 1,3 bilhão de indianos foram totalmente vacinados contra a covid-19 no início de maio.