José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Desastres naturais no sul do país e o dever de restaurar o ambiente

Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina veem se repetir os vendavais, inundações e deslizamentos de terras,

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Tragédias climáticas estão ficando cada dia mais presentes na vida dos brasileiros, gerando inquietação, muita destruição material, pondo por terra moradias, eliminando plantações agrícolas, e causando a morte de pessoas e outros seres vivos.

Neste momento, os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina veem se repetir os vendavais, inundações e deslizamentos de terras, desastres tidos como “naturais”, que já causaram até agora ao menos 9 mortes e estão deixando milhares de pessoas ao desabrigo.

Tudo está sendo creditado ao aquecimento global que tem feito as temperaturas do Planeta aumentarem de maneira espantosa, gerando desequilíbrios ecológicos com efeitos cascatas de eventos que nunca antes haviam sido previstos. Mais de 200 municípios estão atingidos nos dois Estados, sendo a maior parte ( 138) no Rio Grande do Sul. Há inúmeras rodovias bloqueadas, o que termina afetando o abastecimento, com danos incalculáveis, sobretudo no que diz respeito a alimentos e suprimento de medicamentos e insumos de saúde.

GRAMADO

As imagens que circulam desde ontem mostrando o afundamento de ruas e prédios na encantadora cidade de Gramado- um lugar que atrai turistas do Brasil inteiro durante o ano todo-, são entristecedoras e chocantes. Rachaduras imensas no solo estão obrigando as autoridades locais a evacuar os moradores, pelo risco real de que mais vidas humanas sejam perdidas.

Ainda não se sabe as causas exatas do que está ocorrendo neste caso particular de Gramado, mas o primeiro impulso é debitar esses acontecimentos trágicos na conta das fortes chuvas que têm caído por lá. A verdade, contudo, é que esses eventos lastimáveis e destruidores que se abatem sobre as mais diversas partes do mundo, têm sido previstos por cientistas, ambientalistas, estudiosos das questões ambientais, já há bastante tempo e encontram explicação no processo feroz e continuado com que o elemento humano tratou a natureza, degradando-a e destruindo-a a mando da ganância dominante de se obter lucro material com a expansão de terras para fins de exploração.

Não tem defesa para esse crime praticado pelos humanos. Os impactos ambientais, começando pela elevação descomunal das temperaturas e, através disso, os efeitos cascatas que tem gerado, são resultantes da ação humana no espaço geográfico. Esses efeitos se manifestam nas mais variadas formas de revide e agressão: queimadas, vendavais, enchentes, terremotos, temporais, poluição ambiental, erosão, perdas de solos, ciclones.

POPULAÇÃO MAIS POBRE

O pior é que esses eventos destruidores atingem em maior intensidade as populações mais pobres do mundo. E no Brasil não é diferente. As primeiras moradias atingidas e destruídas nessas ocasiões são exatamente aqueles que pertencem a pessoas mais pobres e que foram plantadas em áreas inadequadas, no topo de encostas, à beira de rios e lagos, utilizando estruturas precárias, sem qualquer elemento de segurança, mas tudo feito às vistas da inércia de autoridades públicas, prefeitos e outros governantes, que simplesmente deixam acontecer.

As práticas dos humanos, que prevalecem à revelia do papel fiscalizador das autoridades, e este quase sempre inexistente ou precário, têm servido para esse banquete de desgraças, no qual se expõem a extinção de espécies nativas e plantas e animais; vidas humanas são perdidas em medida crescente; elevam-se os registros de incontáveis doenças e epidemias; diminuem as fontes de oferta d’agua em decorrência do desaparecimento de cobertura vegetal; diminuição e alteração no processo de produção de alimentos e matérias-primas, além dos gigantescos prejuízos materiais aos cofres públicos, decorrentes da destruição de habitações, ruas e avenidas, prédios históricos.

CONTA PESADA

O que alertam os estudiosos, esse povo do mundo das ciências, que poucos buscam respeitar, é que torna-se cada vez mais necessário empreender esforços públicos coletivos, pactuados, agregados, colaborativos, para reconstruir a planta natural do mundo. E o Brasil tem uma conta pesada nesse tema. Detentor da parte mais significativa da Amazônia e de grandes sistemas naturais importantes, como o Pantanal, as Caatingas do Nordeste, os Cerrados, não pode claudicar no compromisso de fazer a sua parte, nem, do mesmo modo, de arrefecer no ímpeto de tornar autoridades mundiais responsáveis por essa imensa tarefa de reconstrução do mapa civilizatória do ambiente.

O Presidente Lula, cujos compromissos com o meio-ambiente e a reparação social têm sido bastante presentes nas suas manifestações em incontáveis Fóruns mundiais, não pode abrir mão de convencer os dirigentes de grandes nações, sobretudo dos países europeus, responsáveis diretos pela destruição do planeta no seu afã expansionista, de cumprirem o Acordo de Paris, feito há 20 anos, que impôs a obrigação de mandar dinheiro para que os países pobres e em desenvolvimento possam operacionalizar grandes projetos de reconstrução ambiental que o mundo espera ver alcançada.



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