José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Negócios obscuros da Petrobras começam vir à tona

A unidade industrial de refino de Xisto foi vendida para o grupo Forbes & Manhattan a preço abaixo do que a Petrobrás já vinha faturando anualmente por sua produção

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Transações pouco transparentes realizadas na Petrobras ao logo do governo passado, com Paulo Guedes no comando da economia brasileira, estão começando a vir à tona, no rastro de investigações internas que a maior estatal nacional vem empreendendo e que já apontam para graves suspeitas acerca da venda da Petrosix, a unidade de exploração do Xisto.

A unidade industrial operava no Paraná, explorando uma das maiores reservas de Xisto, uma rocha sedimentar com conteúdo orgânico na forma de querogênio, adequada, por aquecimento, para a conversão em óleo e gás. E era isso que esse braço da Petrobrás fazia ao entrar no pacote final de privatizações que estavam na cartilha de Guedes, e que incluíram oito refinarias de petróleo e gás que, juntas, somavam metade da capacidade de refino do Brasil.

SEGREDOS MILIONÁRIOS

A unidade industrial de refino de Xisto foi vendida para o grupo Forbes & Manhattan a preço abaixo do que a Petrobrás já vinha faturando anualmente por sua produção, e essa negociação se torna extremamente mais grave porque há fortes indícios de que tenha ocorrido espionagem estrangeira, com o roubo de segredos milionários e que envolve a atuação de gente que ligada à famosa operação Lava Jato.

A história ganhou novos contornos nesta semana, com a revelação de que os valores financeiros decorrentes da venda nunca entraram na conta da Petrobrás e que a unidade industrial parou de funcionar desde que foi negociada. A empresa privada que ficou com o negócio, pagaria algo em torno de R$ 60 milhões, embora as estimativas de valor da unidade fossem da ordem de R$ 137 milhões. Com esses valores bancaria a presença de funcionários da Petrobrás para o funcionamento da unidade, uma vez que os adquirentes não tinham qualquer experiência nesse ramo industrial.

USO INDEVIDO DE DOCUMENTOS SECRETOS

Por trás do interesse desse grupo estrangeiro em adquirir a unidade da Petrobrás, estaria um ex-engenheiro químico da estatal brasileira, Jorge Hardt Filho, que após se aposentar, teria passado segredos industriais, com o uso indevido de documentos secretos, obtidos através de transferência de informações sigilosas da estatal para seu computador pessoal, repassando-as depois aos compradores da Six. O fato se agrava, em razão de ser esse ex-engenheiro da Petrobrás o pai da juíza federal Gabriela Hardt, que atuava como braço direito do ex-juiz Sérgio Moro nas operações da Lava Jato.

As revelações que começam a aparecer no avançar das investigações internas da estatal e que estão registradas na ata da reunião do sub-comitê comercial, de maio deste ano, são de muita gravidade. Há indícios severos de que o governo passado atuou de maneira clara e firme para diminuir o tamanho da Petrobrás, fazendo-a menor não apenas perante o Brasil, mas especialmente no exterior, uma maneira encontrada pelos dirigentes da economia da época de facilitar a venda de ativos da empresa.

PRODUÇÃO REDUZIDA

Isso se deu muito fortemente com a entrega de importantes refinarias, economicamente valiosas, para empresas internacionais. Abrir mão desses ativos históricos, como a Refinaria Landulpho Alves, da Bahia,( a primeira do Brasil), entregue à empresa Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, e interromper o processo de investimentos em prospecção e refino, fizeram o país ter a sua capacidade de produção significativamente reduzida, afetando os preços finais para o consumidor. Essa emblemática refinaria foi vendida por R$ 1,6 bilhão, quando seu valor de mercado foi oficialmente estimado em R$ 3 bilhões.

Para que se tenha uma ideia da gravidade dessa questão, a produção industrial brasileira de petróleo foi, em 2022, a menor dos últimos 20 anos. Somente no último quadrimestre de 2022, a queda da produção de gás e óleo no país foi de 9,8%. Outra constatação, é que os combustíveis vendidos pela refinaria privatizada na Bahia, ficaram 6,4% mais caros do que os preços aplicados pelas refinarias próprias da Petrobrás, o que caracteriza que a farra das privatizações ordenada no governo passado, fez muito bem a um grupo reduzido de pessoas, sobretudo fora do país, mas causou e vem causando imenso mal ao Brasil e aos consumidores brasileiros.



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