José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

O mercado e o COPOM estão sempre dispostos a nos pregar susto

O que seria um alento nacional agora está virando pesadelo.

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Desde agosto de 2023 abriu-se o sinal de alguma esperança no caminho do desenvolvimento econômico e na redução das desigualdades sociais- embora de maneira lenta, demorada-, quando se viu o Copom, do Banco Central, render-se um mínimo aos clamores de empresários produtivos, trabalhadores e governantes, e iniciar um processo de queda dos juros Selic, reguladores do mercado.

Foi nesse mês do ano passado que os controladores da economia resolveram impor uma queda de 0,50% nas taxas oficiais de juros. De lá para cá, deu-se uma sequência de quedas, totalizando 3,0%. Um alívio bastante esperado por quem deseja ver o Brasil crescendo e seu povo mais feliz, no entendimento de que juros mais baixos representam mais dinheiro circulando e mais crédito acessível para os que estão dispostos a produzir.

Mas o que seria um alento nacional agora está virando pesadelo. Se juros mais baixos ajudariam a indústria e os setores de serviços a acelerar seu crescimento e voltar a dar mais emprego aos brasileiros, reduzindo as incômodas e inconvenientes taxas de desemprego, enfim contribuindo para melhorar os níveis de salários e renda, agora estamos perto de ver o contrário desse entusiasmo.

A partir do fato de que a ata da última sessão do Copom deixou uma filigrana, pequeno detalhe, um leve recado aos entusiasmados brasileiros de que as coisas não podem ser assim para sempre, os analistas do mercado, especialistas em cumprir à risca o que desejam os especuladores, correram para a chamada “grande mídia”, e passaram a dizer que a retomada da produção, o aumento do consumo e a grande aceleração do emprego e melhoria dos níveis de renda são uma grande ameaça à aceleração da inflação. E isso precisa ser contido.

Ficou na ata a dúvida se o Copom vai continuar ou não aplicando as mesmas baixas de 0,50% como fez até agora, em face de sinais de elevação do consumo. Mais ou menos assim: não é muito bom alimentar-se melhor, vestir-se bem, garantir-se no consumo, ter acesso a emprego e ver melhorada a sua renda e os seus salários.

E logo vieram com o espanto: O Ministério do Trabalho anunciou, por exemplo, que o mês de janeiro de 2024 registrou saldo positivo de 180.395 empregos com carteira assinada. Só no Estado de São Paulo, assustam-se eles, o mercado de trabalho no setor de serviços gerou 230% mais vagas em janeiro deste ano do que no mesmo período do ano passado, gerando 13,6 mil novos postos. E o IBGE mostra que os serviços não apenas cresceram, mas revelam uma tendência real de que vão permanecer assim ao longo de 2024.

Como o emprego é a principal engrenagem da economia, os analistas a serviço do capital passaram a dizer, de maneira escancarada, que isso não é bom, porque “com dinheiro no bolso o brasileiro endividado paga suas contas e restabelece o crédito”. E se o crédito estiver mais acessível, suportável ao bolso dos pobres mortais, o consumo vai aumentar e a danada da inflação volta a infernizar a vida de todos nós.

A lógica, então, seria dar um freio no ímpeto de queda das taxas Selic, com isso reduzindo a oferta civilizada de crédito e, finalmente, obrigando os setores de produção a parar com essa mania de querer crescer e trazer bem-estar geral à população.

Confesso que o susto que o tal mercado está tomando com a volta do crescimento, levando-o à pregação impatriótica de paralisação do desenvolvimento, causa na gente incredibilidade e revolta. Assim é impossível viver no Brasil.



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