Gorete Canivete: conheça a Rainha do Mercado do Mafuá

Personalidade foi tema de curta-metragem que estará disponível em plataforma de streaming

No registro geral consta o nome de Gregório Amario da Silva, nascido no dia 12 de setembro de 1962. De uma família tradicional do Centro de Teresina, de uma prole de 14 irmãos, mora na Clodoaldo Freitas com a família, que "dedura" a fama boêmia de Gorete. Ela costuma chegar na feira apenas ao meio dia, ao contrário dos demais feirantes que madrugam por lá, em razão da vida noturna que leva.

Essa figura peculiar que é uma lenda da noite de Teresina teve a história registrada no curta Gorete Canivete, assinado pelo jornalista Rivanildo Feitosa. A produção, que mostra a dualidade de gêneros vivida pela personagem, que ora é Gregório, ora Gorete Canivete, ganhou repercussão nacional após ser selecionada na Mostra Piranhão para uma plataforma de streaming.

Embora não se identifique como uma mulher trans, Gregório confessa que prefere quando é chamada de Gorete. E o célebre bordão: "de dia verdureira, a tarde cabeleireira, de noite rapariga e de madrugada ladra de marido alheio" é algo que acompanha a personagem, que a noite sai perambulando pelos bares do centro vendendo verduras que sobraram da feira.

Uma figura complexa, filosófica e - por que não? - inspiradora. Com o desprendimento de um par de chinelas e uma roupa bem simples, Gorete é uma andarilha que espalha alegria por onde passa, com a maior simplicidade.

Figura fácil do Centro de Teresina, Gorete Canivete é a Rainha do Mercado do Mafuá, onde impera pela popularidade e alegria de viver. A potência da personagem que agora povoa as telonas é um exemplo da efervescência de um povo e da marginalidade que conta parte da história cultural do Centro de Teresina.


Jornal Meio Norte: Você se identifica como uma mulher trans?

Gorete Canivete: Não sou mulher. Eu penso que sou como uma drag. A Gorete é uma personagem.



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“Eu fico alegre quando as pessoas falam comigo, quando dizem que me conhecem. Com o filme acho que isso vai aumentar. Mas minha história com a noite é antiga. Eu sempre fui de ir em toda festa de rua, principalmente carnavais"
Gorete Canivete

JMN: O que você achou do curta-metragem sobre sua vida produzido por Rivanildo Feitosa?


GC: Fiquei muito feliz. Uma alegria muito grande. Afinal, muita gente já me conhece. De dia verdureira, a tarde cabeleireira, de noite rapariga e de madrugada ladra de marido alheio. E agora atriz, né?


JMN: Você é uma figura muito conhecida na noite. Como observa isso?

GC: Eu fico alegre quando as pessoas falam comigo, quando dizem que me conhecem. Com o filme acho que isso vai aumentar. Mas minha história com a noite é antiga. Eu sempre fui de ir em toda festa de rua, principalmente carnavais. Já saí em quase todas as escolas de samba.

JMN: E como surgiu isso de Gorete Canivete?

GC: Nas festas juninas. Eu sempre fui de ir em todas as festas. Aí nasceu a Gorete Canivete, o povo me chamava assim. Na hora das festas juninas eu virava a Rainha Caipira. Então o pessoal me chamava: é a Gorete Canivete! É a Gorete Canivete!

JMN: Você já foi vítima de preconceito?

GC: No mundo de hoje, não dá para dizer que não. Mas já melhorou muito.

JMN: Como você observa o Mercado do Mafuá?

GC: Meu lugar de trabalho, onde tiro meu sustento. Sou muito feliz aqui.

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