Carne e ovos mais caros. Produtores estimam alta de 50% no valor dos itens

Produtores estimam que ovo, frango e porco fiquem até 50% mais caros com seca e geada

Carne e ovos mais caros. Produtores estimam fiquem 50% mais alto com seca | Reprodução
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O preço alto da carne de boi fez os consumidores procurarem opções em ovos, carne de frango e porco. Mas até mesmo esses produtos podem ficar até 50% mais caros ainda este ano, projetam associações de produtores.

A informação é da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Segundo a entidade, que tem 143 associados (os principais do ramo do país), isso ocorrerá devido ao aumento dos custos de produção nos últimos 12 meses. O ICP (índice de Custo de Produção) de junho da Embrapa Suínos e Aves aumentou 52,3% para frangos e 47,53% para suínos.

A alta é consequência do aumento dos preços do farelo de soja e milho, principais componentes da nutrição de suínos e frangos - os custos com nutrição correspondem a 75% no ICP de frangos e a 80,8% no de suínos.

Além disso, os preços do milho semiduro no atacado, em uma saca de 60 kg, tiveram variação entre 61% (em Recife-PE) e 98,7% (em Sorriso-MT), na comparação entre o primeiro semestre deste ano com o de 2020, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Carne e ovos mais caros, estimativa é que preço suba para 50%. Foto: Reprodução

Já para a tonelada de farelo de soja, a menor variação no mesmo período foi em Passo Fundo (RS), de 61,4%, e a maior em Barreiras (BA), com preço de R$ 2.610,46 e alta de 82%.

Produtores vão repassar os custos para o consumidor

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, disse que as empresas irão repassar, de forma integral, esse aumento nos custos de produção parara o preço de frangos e suínos: "(Esse repasse) já ocorre este mês, de forma gradual, nas respectivas praças", disse.

De acordo com o executivo, o preço para o consumidor final vai variar conforme os praticados pelas granjas, frigoríficos e mercados em geral. Os repasses de custos também serão feitos para a exportação.

"À medida que os estoques do milho e farelo de soja, comprados por um preço menor ano passado, acabarem, os criadores de frangos e suínos, granjas e empresas, terão de adquirir os grãos no preço atual, bem mais caro, e aí farão o repasse dos custos", disse.

O presidente da APBA, Ricardo Santin-  Foto: Leonardo Rodrigues/Valor

Segundo o Cepea, em 2 de julho a caixa com 30 dúzias de ovos brancos custava R$ 116,40 e a caixa de ovos vermelhos, R$ 128,37 (vermelho) em Bastos (SP), cidade em que o levantamento é feito. Nesta sexta-feira (9), o frango resfriado negociado no atacado custava R$ 7,46/kg, na Grande São Paulo e nos municípios paulistas de São José do Rio Preto e Descalvado. Também nesta sexta, o quilo do suíno vivo chegou a R$ 6,43 em São Paulo e a R$ 9,24 a carcaça. No Paraná, o Cepea registrou o menor preço do suíno vivo: R$ 5,55. A estimativa é que os preços desses produtos aumentem em 50%, segundo a ABPA.

Seca e geada prejudicam produção de soja e milho

A ração tende a ficar ainda mais cara, por conta da redução da produção do milho da safrinha, colhido no segundo semestre do ano. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a seca e a geada devem causar perdas de quase 3 milhões de toneladas, segundo a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e milho) de Mato Grosso do Sul. A previsão inicial era de colher 8,2 milhões de toneladas.

A geada no estado de Mato Grosso do Sul ocorreu entre 27 de junho e 1º de julho. O estado possui em boas condições apenas 1% de suas lavouras, 38% em estado regular e 61% em estado ruim. Estima-se que a área afetada no estado é de 604,4 mil hectares, o equivalente a 30% da área produtora.

Produção de milho no Mato Grosso do Sul sofre com seca- Foto: Divulgação

"Foi realmente uma grande geada, que atingiu todo o Conesul e algumas regiões centrais, onde há muito tempo não se tinha relatos de ocorrência de geadas. Os danos foram muito severos e irão impactar a safra de maneira muito significativa", disse o presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi.

Para ele, "é hora do produtor avaliar sua lavoura minuciosamente e salvar o máximo de milho possível, com foco em aproveitar, de alguma forma, o que restou da lavoura".

Como se não bastassem esses problemas, os produtores rurais de soja e milho do país estão tendo de lidar com a falta de informações sobre os preços futuros dos insumos, como adubos, fertilizantes e agrotóxicos, que, em sua maioria, são importados pelas grandes revendas. "Assim, não temos nem como planejar os custos da fazenda", disse o presidente do Sindicato Rural de Mato Grosso do Sul, Alessandro Coelho.

"E todo esse cenário contribui para a alta de preços, principalmente no setor de carnes, pois o milho e a soja são utilizados como ração animal, isso elevou os custos que tiveram de ser repassados para o consumidor", disse superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Allan Silveira dos Santos.

Até a engorda do boi atrasou

Outro problema causado pela estiagem no estado é com relação à terminação de bovinos criados a pasto - a terminação é a última fase de engorda do gado até o abate. "Por conta da estiagem, a terminação não teve como ser feita no prazo, até maio, e atrasou tudo. Manter boi em confinamento ou semiconfinamento ficou muito caro por conta dos preços do milho e farelo de soja", afirmou Coelho, do Sindicato Rural de Mato Grosso do Sul.

Além do aumento no custo da ração, outro fato que encarece o preço das proteínas é a alta na energia elétrica. Os custos de energia vão mexer com as contas de toda a cadeia do agronegócio, do produtor rural até o varejo.

Desde o início do mês está valendo o novo reajuste da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) sobre a bandeira vermelha nível 2, que passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 por kWh (quilowatt-hora). A medida vai até dezembro deste ano e foi aplicada por conta da seca e do risco energético no país. Embora o aumento do custo de energia atinja toda a cadeia, o impacto no custo de produção das proteínas é de menos de 1%.

A solução para o problema poderia ser aumentar a irrigação. Para o Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), Fernando Camargo, "o estado do Mato Grosso do Sul poderia aproveitar mais o potencial de irrigação para evitar problemas com a estiagem".

Atualmente o estado irriga 265 mil hectares, mas poderia irrigar 4,7 milhões de hectares, segundo Camargo. No Brasil, de acordo com a ANA (Agência Nacional de Águas), a irrigação é utilizada em 8,2 milhões de hectares - entre 3% e 4% da área plantada no país.

China compra mais carne do Brasil

O superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Allan Silveira dos Santos, disse que o cenário externo, sobretudo a demanda da China, também contribuem para essa elevação de preços da soja e do milho.

A China, de acordo com o Mapa, foi o principal país responsável pelo aumento das exportações de carne bovina e suína do Brasil. As aquisições chinesas de carne bovina in natura do Brasil foram de US$ 324,92 milhões (alta de 30,9%), equivalentes a 52,6% do valor total exportado para o mundo. Os dados são de março deste ano.

China não quer pagar por alto preço da carne- Foto: AFP

No caso da carne suína in natura, o país asiático aumentou as compras em 61,2% em março, na comparação com março de 2020. Com esse incremento, as exportações chinesas atingiram US$ 148,38 milhões ou 60,7% do valor total enviado para fora pelo Brasil.

As vendas externas de frango registraram aumento de 8,1% no valor exportado, passando de US$ 545 milhões em março de 2020 para US$ 589 milhões. O volume subiu 11,8%, enquanto o preço médio caiu 3,3%.

A China também foi o principal destino do frango brasileiro, com US$ 102 milhões, seguida de Arábia Saudita, US$ 71 milhões, e Japão, US$ 66 milhões.

As informações são do Uol.



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