Presidente da Eletrobras pede demissão em meio a atritos pós-privatização

Ivan Monteiro assume comando da ex-estatal devido a sua influência política em Brasília

Ex-CEO Wilson Ferreira | Edilson Dantas/Agência O Globo
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O CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., renunciou ao cargo cerca de um ano após reassumir a liderança da empresa após a conclusão da privatização no ano passado. A decisão, anunciada na segunda-feira (14), alegou questões pessoais e trouxe Ivan Monteiro para assumir o posto, um nome experiente e com influência política em Brasília. A mudança ocorre em um momento delicado para a Eletrobras, que enfrenta pressão do governo federal.

Ivan Monteiro traz consigo uma carreira distinta, tendo atuado no Banco do Brasil, onde chegou à vice-presidência de Finanças, Mercado de Capitais e Relações com Investidores em 2009, durante o governo Lula (PT). Ele também foi presidente da Petrobras durante o governo de Michel Temer (MDB) e chairman do Credit Suisse no Brasil. Essa trajetória confere a Monteiro uma rede política mais robusta, na perspectiva de investidores.

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A substituição na Eletrobras se desenrola em um contexto em que o governo tem exercido pressão sobre a empresa. Ferreira enfrentava dificuldades em suas relações tanto com o governo quanto com o Conselho de Administração. Nesse cenário, o Conselho busca uma aproximação com o governo para aliviar a tensão e manter a empresa no âmbito privado.

Uma possível abordagem seria aumentar o número de assentos no conselho ou adiantar pagamentos que a ex-estatal precisa realizar para atenuar as tarifas de energia. Especialmente a primeira alternativa não estava alinhada com as perspectivas de Ferreira, que tinha reservas quanto a esse tipo de negociação.

Descrença na privatização plena

A saída de Ferreira foi considerada surpreendente pelo mercado. O ex-CEO esteve na Bolsa no mesmo dia e se reuniu com investidores.

Ele presidiu a Eletrobras entre 2018 e 2021, durante os governos Temer e Bolsonaro. Sua liderança foi marcada por uma estratégia que preparou a empresa para a privatização, incluindo redução de custos e venda de ativos. Ferreira supervisionou a venda das distribuidoras de energia, concentrando a empresa na geração e transmissão de energia, enquanto também implementou programas de demissão voluntária e restringiu contratações.

A sua saída ocorreu após ele não acreditar que a privatização se concretizaria. Ele então assumiu o comando da Vibra (antiga BR Distribuidora), onde buscou alinhar a empresa com a eletrificação da mobilidade.

A privatização da Eletrobras foi finalizada no ano passado, e Ferreira foi convidado a retornar à empresa em setembro de 2022.

Colheita de votos

Em maio deste ano, a Advocacia-Geral da União (AGU) levou a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF), questionando a representação do governo no Conselho da Eletrobras (um membro de nove), pleiteando um voto com os 40% do capital que o governo detém. No entanto, a lei de privatização estabeleceu um limite de 10% do poder de voto para qualquer acionista ou bloco de acionistas, visando transformar a empresa em uma corporação, sem um controlador definido.

Ivan Monteiro ocupava a presidência do Conselho de Administração da Eletrobras, posição que agora será assumida por Vicente Falconi Campos. A mudança na liderança da Eletrobras ocorre em meio a desafios e expectativas para a empresa, enquanto busca continuar sua trajetória como uma entidade privada em um setor de energia em constante evolução.

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