Entenda por que as revendas de usados estão fugindo do Jeep Compass

O Ministério Público abriu uma Ação Civil Pública contra a Jeep, acusando a montadora por 22 defeitos no modelo Compass

Jeep Compass Flex | Reprodução
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Concessionárias e revendedoras de carros seminovos estão evitando adquirir o modelo Jeep Compass Flex, após a acusação do Ministério Público contra a montadora Jeep revelar mais de 22 defeitos nos modelos fabricados. Uma pesquisa do UOl mostra que a demanda de procura diminuiu principalmente devido aos problemas relacionados ao trocador de calor, em que o conserto pode custar R$ 60 mil. 

Conforme informações da KBB, uma empresa especializada em precificação de veículos, um Jeep Compass Longitude 2022, que tinha um preço público sugerido de R$ 160.146 em abril de 2021, está atualmente sendo revendido por R$ 137.750 para o comprador final. Esse valor representa uma desvalorização de 14% ao longo de 32 meses. Já a versão de 2023, fabricada em setembro de 2022 por R$ 185.722, está sendo comercializada por R$ 156.690, indicando uma redução de 15% em 15 meses.

Um dos entrevistados, proprietário de uma rede de lojas de veículos seminovos, observou que "o mercado para esse modelo sofreu uma repressão significativa devido aos problemas de fábrica". Na visão dele, a redução no interesse dos consumidores é evidente, especialmente em decorrência dos defeitos destacados pela Ação Civil Pública.

"A reputação do Compass foi abalada, muitas pessoas foram afetadas com o problema no trocador de calor, que danifica o câmbio. A questão é que o conserto na Jeep pode passar de R$ 60 mil, e é difícil achar a peça no mercado paralelo. Outras, foram impactadas pelas notícias sobre os defeitos crônicos. Com isso, o consumidor fica inseguro. Atualmente, eu não faço esforço para comprar o veículo. Ofereço R$ 100 mil em um modelo de R$ 138 mil na tabela Fipe", disse.

Outro informante da coluna, o gerente encarregado de avaliações em uma concessionária de veículos novos, esclarece que adquire o Compass, porém, alerta o cliente que será necessário reduzir o valor de compra devido à necessidade de realizar um serviço preventivo.

"O principal problema do carro é o trocador de calor, mas hoje existe no mercado uma solução preventiva: instalar um trocador de calor que fica fora do sistema. Ele refrigera o câmbio sem o risco de quebra e contaminação. Toda oficina de reparação trabalha com esse kit atualmente, e custa R$ 3 mil. Antes de revender o veículo, temos que fazer esse ajuste para não ter problema", explica.

Ao entrevistar os vendedores, o UOL indagou sobre a presença de numerosos Jeep Compass sendo ofertados por valores ligeiramente inferiores aos indicados na tabela FIPE em plataformas de comércio online. Os entrevistados apresentaram um argumento semelhante, explicando que, devido às notícias sobre problemas recorrentes, os consumidores hesitam em adquirir o veículo de particulares, uma vez que estes não proporcionam a mesma garantia oferecida por uma concessionária.

"A loja é obrigada, por Lei, a dar 90 dias de garantia. Por isso, não vendo o Compass colocar o kit preventivo de defeito do trocador de calor. Caso contrário, o risco para nós, revendedores, é muito grande. Faço um contrato bem simples e ao mesmo tempo minucioso, determinando bem as condições da garantia, para evitar problemas", explicou.

Um empresário que é proprietário de uma rede de lojas de veículos seminovos e concessionárias compartilhou com o UOL que, em sua análise, a rejeição ao Jeep Compass tem sido, de certa forma, uma estratégia adotada por marcas concorrentes para depreciar o valor do carro no mercado.

"O movimento começou com concessionárias se recusando a aceitar Compass na troca do usado por um novo. É uma forma de atingir a reputação de um concorrente com bom custo-benefício e boa aceitação. Isso porque o problema é simples de prevenir em qualquer oficina de reparação, a questão é que a Jeep não faz recall. Isso poderia salvar a imagem do carro", afirmou.

A fabricante Jeep não deu um posicionamento sobre a possível desvalorização precoce do Compass no mercado de usados.




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