Juros altos só fazem aumentar a tragédia social, por José Osmando

O Banco Central anunciou, neste início de Fevereiro, que a taxa Selic se manteve em 13,75% ao ano, o que trouxe um intenso debate entre economistas de variadas tendências, expoentes coroados do ultra-capitalismo, interessados em ver seu dinheiro crescer sempre mais, e um enfrentamento nunca antes presenciado entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

O presidente Lula quer o Brasil voltando a crescer, com elevação do PIB, a retomada dos empregos perdidos ao longo desses últimos seis anos; com uma indústria aquecida, abrindo novas frentes de produção e trabalho, e permitindo ao governo fazer investimentos sociais relevantes e urgentes. E nessas urgências, consta retomar as mais de 10 mil obras federais paradas Brasil afora pelo último governo, e retirar da pobreza e da fome nada menos do que 33 milhões de pessoas.

SELIC  

Ocorre que a sucessiva elevação de juros mantida durante todo o ano eleitoral de 2022 e indicada pelo BC como um caminho a ser seguido pelo Brasil na justificativa de se manter a meta fiscal, vai frontalmente contra esse propósito governamental do Presidente Lula. Para princípio de conversa, quando se fala em Selic, que é a taxa básica de juros da economia, temos que falar das taxas de juros de empréstimos e financiamentos historicamente importantes para tocar as empresas, fazer os negócios andarem e gerar empregos para milhões de brasileiros. 

PRODUÇÃO AFETADA 

Quando a Selic sobe, as outras taxas também sobem. Quando a Selic se mantém alta por longo período, afeta toda a cadeia da economia produtiva, daquela que fabrica as coisas, dos serviços que a movimenta e das oportunidades de emprego para as famílias. Com o custo mais alto do dinheiro, os cidadãos pegam menos empréstimos, as empresas têm dificuldade de aumentar suas produções, os preços caem, afetando a produção, e as pessoas passam a comprar menos. É muito ruim para o conjunto da sociedade. 

TRAGÉDIA SOCIAL 

Com os juros altos, quem precisa de dinheiro- do produtor para produzir e do consumidor para consumir-, sai perdendo feio. Juros altos só fazem aumentar a tragédia social.

QUEM GANHA COM JUROS NA ESTRATOSFERA?

Ganha quem tem dinheiro sobrando, quem se ousa no risco ou quem, já acostumado aos ganhos especulativos, vai ver aumentada sua ganância, aplicando cada dia mais no mercado especulativo de capitais. E dependendo do grau de poder de cada especulador, muitas vezes agindo ardilosamente para inflar os preços de ações nas bolsas, para disso extrair ganhos mais elevados, ou levando para paraísos fiscais de outras partes do mundo o dinheiro que, ficando internamente no Brasil, impulsionaria as empresas, gerariam recursos para o governo, na forma de impostos e possibilitaria empregar muita gente. Esse mercado financeiro especulativo tem servido bastante, inclusive, para consolidar transferências patrimoniais . 

ESPECULAÇÃO FINANCEIRA 

Relatório sobre segurança alimentar e nutrição no mundo, aponta que as grandes mazelas sociais de hoje, geradas por crises econômicas agudas, advém de conflitos armados e eventos climáticos e, muito particularmente, da especulação financeira que cresce aceleradamente no planeta. E está afetando miseravelmente o Brasil. 

BANCO CENTRAL 

Autônomo, como deve ser, o Banco Central do Brasil tem se tornado visivelmente “independente” do Governo e do interesse da esmagadora maioria do povo brasileiro, mas parece dependente e submisso aos que querem os detentores do capital.