O 8 de janeiro e a Justiça que se deseja aplicada, Por José Osmando

O dia de hoje marcou um mês dos atos golpistas de 8 de Janeiro, quando turbas ensandecidas- como muito bem rotulou a Ministra Rosa Weber em sua duríssima fala de 01 de Fevereiro, ao abrir as atividades do ano do judiciário de 2023- ocuparam e depredaram as sedes do STF, do Palácio do Planalto, da Câmara dos Deputados e do Senado da República. 

Repetiu-se no Brasil o que já ocorrera nos EUA dois anos atrás. As cenas da marcha programada de bolsonaristas ocupando a Praça dos Três Poderes, comparadas com as imagens exaustivamente difundidas de adeptos de Trump invadindo o Capitólio, em Washington, estabelecem uma enorme conexão. Conforme nos explica o cientista político americano Scott Mainwaring, da Universidade de Notre Dame, significativas partes das direitas de Brasil e Estados Unidos desistiram da competição democrática e lançaram mão da violência política. Com uma diferença, acrescento: no Brasil as manifestações de ódio e violência se deram de modo muito mais selvagem.  

Atos golpistas de 8 de janeiro completam um mês 

INVESTIGAÇÕES AVANÇAM 

Se a memória desse dia permanece causando indignação e vergonha, sendo difícil esquecer as estúpidas demonstrações de sandice e vandalismo, expostas ao vivo pela televisão e redes sociais, diante da inação, cumplicidade e propósito da Polícia do Distrito Federal e de setores (ainda não plenamente revelados) de agentes do Exército e do GSI da Presidência, parece animador que as investigações estejam avançando de maneira competente, de tal forma que podemos pensar em que se alcancem resultados sérios e punições severas, merecidas e adequadas. 

FINANCIADORES 

As investigações avançam, sob forte comando do ministro Alexandre de Moraes, um notável apoio de integrantes do STF, STJ e TSE e a colaboração da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União, do Ministério da Justiça e AGU, prendendo centenas de participantes dos atos de vandalismo, mas, especialmente, caminhando na direção de identificar todos aqueles que não tiveram coragem de colocar a cabeça de fora, mas mantiveram, no conforto de seus esconderijos, a audácia de financiar e instrumentalizar a turba.  

Sabem muito bem as autoridades que investigam, que um movimento da grandiosidade do que ocorreu em Brasília em 8 de Janeiro, não se daria, jamais, por disposição e atuação próprias dos que foram às ruas, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, se não existissem por trás deles pessoas influentes, com poderes e com dinheiro, com a capacidade de jogar no lixo a disputa democrática para abraçar e colocar em ação o ódio, e a violência política. 

BOLSONARO 

Assim como as investigações nos Estados Unidos apontam para a presença de Donald Trump no comando, à distância, dos invasores do Capitólio, dando as ordens para os passos que deveriam seguir, também no Brasil o aprofundamento dos inquéritos, diante das provas levantadas, das conexões com falas extraídas de celulares, do aparecimento de minutas de documentos golpistas, das falas de estímulo à violência e ao desacato às instituições propaladas em passado recente, de maneira continuada, e dos depoimentos reveladores extraídos de pessoas presas,  podem levar à figura do ex-presidente Bolsonaro. 

PUNIÇÃO MERECIDA

Os próximos dias serão decisivos para se ter todas as respostas, e para se ver, finalmente, a justiça sendo aplicada, com a punição merecida a cada um dos personagens envolvidos nessa diabólica trama.