Arqueólogos acham esqueleto que aponta existência de indígenas no sul do Piauí

A professora Claudia Cunha ainda acrescenta que o segundo esqueleto assim como o primeiro, encontrado em 2022, é uma fonte valiosa de informação

Arqueólogos acham esqueleto que aponta existência de indígenas no sul do Piauí | Divulgação/UFPI
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Durante escavações arqueológicas no Parque Nacional da Serra das Confusões, pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) encontraram novo esqueleto cujo tratamento funerário remete a uma fórmula indígena de enterramento. O estudo, realizado pelo segundo ano consecutivo, acontece com a participação de docentes e discentes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Conforme a Coordenadora do Laboratório de Osteoarqueologia da UFPI, professora Claudia Cunha, o esqueleto que foi exumado este ano é de um indivíduo adulto do sexo masculino. Segundo a Bioarqueóloga ele trazia ainda no lugar e com restos de fios, um colar e dois braceletes feitos com contas em osso polido. Os pesquisadores identificaram também uma série de objetos de cultura material no local. Entre os vestígios, apontam para um conjunto associado à produção de fibras e/ou tecidos a partir de algodão nativo, que permite, pela primeira vez, remontar parte de seu processo de manufatura (coleta, fiação, tecelagem).

Estudantes da UFPI, UFMG e UNIVASF durante a escavação de 2023 - Foto: Divulgação/UFPI

A professora Claudia Cunha ainda acrescenta que o segundo esqueleto, assim como o primeiro, encontrado em 2022, é uma fonte valiosa de informação. “Esses esqueletos são muito informativos não apenas sobre como eram essas pessoas em vida, mas como se davam as relações sociais nas comunidades de onde vieram”, disse.

Segundo o Coordenador do projeto, professor Grégoire van Havre, os achados arqueológicos recentes, fornecem evidências significativas sobre a sociedade que habitava o sul do Piauí. “O que encontramos sugerem uma população indígena com o domínio tecnológico da tecelagem. É mais um indício da presença, não de grupos isolados, em migração sazonal, mas de uma sociedade complexa ocupando o sul do Piauí", destacou. 

Detalhes de fios com contas em osso de um dos braceletes do indivíduo - Foto: Divulgação/UFPI

Atividades Arqueológicas em Serra das Confusões - Os professores Grégoire van Havre e Tiago Tomé (UFMG), coordenadores do projeto, apontam que desde o início de suas pesquisas em 2019 foram alcançados avanços significativos. “As nossas pesquisas começaram com o apoio do CNPq e a autorização do ICMBio. Em 2022, iniciamos as escavações na Toca do Olho d’Água das Andorinhas, graças ao aporte financeiro da Missão Franco-Brasileira de Arqueologia no Piauí, através do Prof. Eric Boëda (Paris X Nanterre), e continuamos este ano”, frisam os coordenadores. As pesquisas receberam também a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Professor da UFPI, Gregoire van Havre - Foto: Divulgação/UFPI

Nesse sentido, o sítio apresenta uma diversidade de vestígios arqueológicos, que vão desde a arte rupestre pintada e gravada em suas paredes, fogueiras estruturadas, estacas que são remanescentes de construções indígenas, objetos do dia-a-dia até um cemitério de onde saiu o primeiro esqueleto em 2022. 

O rosto do indivíduo estava coberto com um grande fragmento cerâmico, o que é uma das formas indígenas de deposição já observada em outros sítios arqueológicos no Norte e Nordeste do Brasil - Foto: Divulgação/UFPI

A participação de discentes de várias universidades oferece, além do intercâmbio, uma experiência prática de escavação arqueológica. Segundo Francisco das Chagas Silva Júnior, aluno do curso de Arqueologia da UFPI, ter a oportunidade de participar da escavação na Serra das Confusões foi uma experiência enriquecedora. “Obtive uma compreensão prática do funcionamento de uma campanha arqueológica e aprofundei meu conhecimento nessa bela área da Arqueologia, vivenciando seu maior êxtase, a prática de escavação", afirmou.

Francisco das Chagas Silva Júnior, aluno do curso de Arqueologia da UFPI, durante a escavação - Foto: Divulgação/UFPI

A cronologia precisa do sítio arqueológico deve receber em breve novos dados importantes, com a datação por carbono-14 de um osso coletado em 2022. Este material se encontra atualmente em análise no Laboratoire des Sciences du Climat et de l’Environnement (Gif-Sur-Yvette, França), sob a responsabilidade da Professora Christine Hatté.

(Com informações da UFPI)



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