Audiência da CPI do MST é marcada por embates, provocações e falas barradas

Comissão levou um casa de ex-integrantes do movimento para prestar depoimento aos parlamentares

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Primeira reunião é marcada por embates político-ideológicos | Myke Sena/Câmara dos Deputados
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) tornou-se o principal palco da disputa ideológica entre parlamentares governistas e oposicionistas, sobretudo dos que defendem a bandeira bolsonarista. Na audiência pública ocorrida na última terça-feira (30), a linha opositora do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levou ex-integrantes do MST e, agora, críticos ao movimento, Necilene Reis e Ivan Xavier, na posição de convidados. E, mais uma vez, houve embate político-ideológico entre os presentes.

Entre 2016 e 2019, o casal convidado participou do acampamento Maria da Terra, em Sobradinho (DF). Necilene Reis afirmou ter vivido em condição análoga à escravidão, uma vez que, segundo ela, trabalhava todos os dias, sem folga e sem que lhe dessem almoço. Além disso, a mulher alegou que só podia comprar mantimentos do mercado administrado pelo MST.

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"Trabalhava de graça, tirava o dia inteiro, podia ser sábado, domingo, feriado, aniversário. Fomos extorquidos, não só eu como todo mundo. Nas plenárias, quando os líderes iam lá, a gente tinha que dar alimento ou dinheiro. Também cobravam da gente uma taxa de R$ 10. E, se não desse, era mais um motivo para sair do acampamento", relatou. 

Para ela, esse dinheiro era direcionado para custear o abastecimento dos carros das lideranças e o pagamento de jantares.

Sua fala alimentou as críticas da bancada oposicionista .Porém, quando Nelcilene foi questionada pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP) acerca de Vagner de Souza Galvão, que participou do mesmo acampamento, houve um consentimento. Ela não somente o acusou de ter tentado executar seu marido como também se recusou a responder a razão da suposta tentativa de homicídio.

Após a indagação, a presidência da comissão dispensou o casal de deporem sob fortes protestos de aliados do governo. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-SP), afirmou que vai acionar a Justiça por causa da condução dos trabalhos da CPI.

"Foi constrangedora a cena que vimos: a Mesa induzindo os depoentes a sair do plenário, justamente quando nós começamos a fazer perguntas e inquirir os convidados", criticou. Segundo a parlamentar, em decorrência das denúncias do casal, deveriam depor como testemunhas, e não como convidados.

Desafio

O atrito proporcionado pelo silêncio do casal não foi o único motivo que destravou embates entre as alas governistas de oposição. O presidente da CPI, deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), provocou a deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) ao dizer quem era o "condenado" que fez doações a ele.

"Posso citar, presidente. O seu financiador, Bruno Pires Xavier, condenado por manter 23 trabalhadores em situação degradantes no Mato Grosso", rebateu ela, cortada logo em seguida por um "OK" de Zucco.

Enquanto isso, a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) irritou-se com o relator da comissão, Ricardo Salles (PL-SP), por barrar seu comentário no momento em que criticava a ida de uma comitiva de parlamentares da comissão a um assentamento do MST, invadindo, inclusive, as casas dos militantes.

"É mais um que quer que a PGR [Procuradoria-Geral da República] faça uma investigação por cortar o microfone, assim como está acontecendo com o presidente (da CPI). O senhor vai ter a PGR daqui a pouco. Se controle", rebateu Sâmia.



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