Grupo de ACM Neto diz que vai impugnar filiação de Moro na União Brasil

A decisão ocorre após Moro afirmar, na tarde desta sexta-feira (1), que não “desistiu de nada”, um dia após abrir mão da candidatura presidencial

Sergio Moro | Fabio Rodrigues Pozzebom
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

JULIA CHAIB

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O secretário-geral da União Brasil, ACM Neto, e outros oito dirigentes do partido afirmaram que vão entrar com um pedido para invalidar a filiação do ex-juiz Sergio Moro.

A decisão ocorre após Moro afirmar, na tarde desta sexta-feira (1), que não "desistiu de nada", um dia após abrir mão da candidatura presidencial. O ex-juiz afirmou que não disputará uma vaga de deputado pela legenda.

Leia Mais

"Vamos apresentar, ainda hoje, um requerimento de impugnação da filiação dele. Será assinado pelos 8 membros com direito a voto no partido, o que corresponde a 49% do colegiado. A filiação, uma vez impugnada, requer 60% para ter validade", disse Neto.

Segundo integrantes da União Brasil, o estatuto da sigla determina que toda decisão deve ser colegiada e precisa de pelo menos 60% da executiva nacional para ser referendada.

Ou seja, já que Neto diz ter 49% do total da direção, não seria possível à outra ala conseguir apoio suficiente para manter a filiação de Moro.

O ex-magistrado filiou-se à União Brasil na quinta-feira (31) e afirmou, em nota, que abria mão, "nesse momento", de sua pré-candidatura à Presidência.

O gesto ocorreu como forma de driblar a resistência à sua entrada no partido. Mas, como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, aliados de Moro admitiam sob reserva que ele não havia desistido do plano de concorrer ao Palácio do Planalto.

Ex-juz Sergio Moro  afirmou que não disputará uma vaga de deputado pela legenda Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom -Agência Brasil 

O ex-juiz chegou a redigir uma primeira nota informando a respeito da filiação no partido, mas que não mencionava a desistência na corrida pelo Palácio do Planalto.

Esse primeiro documento chegou às mãos de integrantes da ala do partido que resiste ao ex-ministro, capitaneada pelo secretário-geral do partido, ACM Neto (BA). Insatisfeito com o teor do texto, o grupo decidiu divulgar posicionamento com veto à candidatura presidencial do ex-ministro.

No documento, eles dizem respeitar a trajetória de Moro e dizem que ele pode "contribuir para o cenário político nacional", mas não na disputa pelo Palácio do Planalto.

"Entretanto, deixamos claro que o seu eventual ingresso à União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República", diz a nota, também assinada por Efraim Filho, 1º secretário do partido, José Agripino Maia (vice-presidente), Ronaldo Caiado, professora Dorinha, Mendonça Filho, Davi Alcolumbre e Bruno Reis, todos vice-presidentes do União Brasil.

"Caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo pela legenda, o ex-ministro será muito bem-vindo. Mas, neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido", continua a nota.

Em nota, o deputado Alexandre Leite (União Brasil), tesoureiro da União Brasil em São Paulo, afirmou que a filiação de Moro ocorreu com a "concordância" de que ele faria um projeto para o estado, que incluiria a disputa ao Senado, a deputado federal ou estadual.

"Em caso de insistência em um projeto nacional, o partido vai impugnar a ficha de filiação de Moro", disse o parlamentar.

A investida da ala composta por integrantes da União Brasil oriunda do DEM é atacada por outro grupo que é entusiasta da candidatura presidencial de Moro.

"Um partido não pode tratar um filiado desta forma. Um filiado entra sem nenhuma segurança ou certeza [de qual cargo vai disputar]. Ele é um ativo, um trunfo eleitoral, que vai gerar dividendos para o partido. Não pode criar relação que não seja dentro de uma harmonia e maturidade", diz o deputado Júnior Bozella (União Brasil-SP).

"O partido que nasce defendendo as liberdades não vai praticar a democracia interna? Não se pode tratar o partido com coronelismo. Vamos criar uma ala bolsonarista novamente dentro da União Brasil? Repetir os erros do passado? Nada tem que ser goela a baixo, sobre um filiado que vai se submeter ao crivo do partido", continuou o deputado.

Em meio às divergências com uma ala de seu partido, ACM Neto recebeu convite do PSDB nesta sexta para se filiar à sigla. O convite foi anunciado horas após a União Brasil chamar o governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB), para mudar de partido, um dia após vaivém de João Doria (PSDB) que irritou aliados.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES