Lula em Angola: Conselho de Segurança da ONU que deveria ser da paz, faz guerra

Durante uma declaração à imprensa no encerramento de sua visita a Angola, ele observou que a organização não mais reflete “aquilo para o qual foi criada”

Lula em Angola: Conselho de Segurança da ONU que deveria ser da paz, faz guerra | Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Neste sábado, 26 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu apoio a uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Durante uma declaração à imprensa no encerramento de sua visita a Angola, ele observou que a organização não mais reflete “aquilo para o qual foi criada”. “A ONU de 2023 está longe de ter a mesma credibilidade da ONU de 1945”, avaliou. 

“O Conselho de Segurança, que deveria ser a segurança da paz e da tranquilidade, é o que faz a guerra sem conversar com ninguém. A Rússia vai para a Ucrânia sem discutir no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos vão para o Iraque sem discutir no Conselho de Segurança. A França e a Inglaterra vão invadir a Líbia sem passar pelo Conselho de Segurança. Ou seja, quem faz a guerra, quem produz arma, quem vende armas são os países do Conselho de Segurança. Está errado.”  

Lula acredita que mais países devem compor o conselho. “Qual é a representação da África no Conselho de Segurança? Qual é a representação da Ásia, da América Latina? Deixamos claro que defendemos que o Brasil entre no Conselho de Segurança, a Índia, a Alemanha, o Japão. Há divergências, mas não são nossas”, completou. 

O presidente defendeu que a ONU passe a ter o que chamou de representação geográfica mais condizente com a realidade. “Em 1948, a ONU conseguiu criar o Estado Israel. Em 2023, ela não consegue fazer cumprir a área reservada aos palestinos. Ela ficou enfraquecida. E, na questão climática, é mais grave. Em todas as COP [Conferências das Partes], nós decidimos muitas coisas, mas nenhuma delas é cumprida. Por que não é cumprida? Porque não há um Estado soberano. A ONU não tem força para dizer: ‘Isso aqui nós temos que cumprir, se não haverá determinadas ações’”, exemplificou.  

DÍVIDA AFRICANA

Ainda durante declaração à imprensa na capital angolana, Lula questionou o mecanismo de pagamento da dívida de países africanos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “É preciso começar uma nova briga”, disse, ao citar que o continente acumula um débito de US$ 760 bilhões a serem pagos ao fundo. 

“Essa dívida vai ficando impagável porque o dinheiro do orçamento nunca dá pra pagar e o problema vai sempre aumentando. Qual é a lógica? É tentar sensibilizar as pessoas que são donas dessas dívidas para que elas sejam transformadas em apoio à infraestrutura. O dinheiro da dívida, ao invés de ser pago, seria investido em obras de infraestrutura”, disse.

Ele acredita que é necessário pensar em alternativas para uma solução. “Você pode ou anular essa dívida, e acho que vai ser impossível anular uma dívida de US$ 760 bilhões, mas você pode prorrogá-la até que esses países adquiram condições de pagar.” 

No dia de hoje, o presidente Lula conclui sua visita oficial a Angola e em seguida dirige-se a São Tomé e Príncipe, onde irá tomar parte na Cúpula dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A cerimônia oficial de despedida está programada para as 16h no horário local de Luanda, equivalente às 12h no horário de Brasília. Este representa o seu primeiro retorno ao continente desde o início do terceiro mandato presidencial.

(Com informações da Agência Brasil)



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