Representante da ONU chega para investigar genocídio, por José Osmando

Alice Wairimu Nderitu, assessora especial para a Prevenção do Genocídio, visita comunidades Yanomamis e ouve relatos de violência, mortes e desnutrição.

Representante da ONU investiga possível genocídio de povos Yanomamis no Brasil | Júnior Hekurari Yanomami
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Por José Osmando de Araújo  

Encontra-se no Brasil a sub-secretária geral da Organização das Nações Unidas(ONU) e assessora especial para a Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu, com a missão de observar pessoalmente a abastecer-se de dados em torno da tragédia humanitária que se abateu sobre os povos Yanamamis, crime denunciado no mês de Janeiro deste ano, e que possui fortes indícios da prática de Genocídio.

Lembremos que as ocorrências de Janeiro levaram o governo do Presidente Lula, logo nos seus primeiros dias, a fazer uma severa intervenção em saúde, segurança e nutrição, em toda a área da maior reserva indígena do país. Desde abril de 2022, um relatório/manifesto lançado pelas associações representativas dos Yanomami denunciou o descalabro praticado contra seu povo, mas o governo passado não deu ouvidos e seguiu com sua política de destruição dos organismos de proteção, fechando os olhos aos crimes praticados e favorecendo  ao garimpo ilegal.

O PLANO ERA EXTERMINAR

Nesse fim de semana, a representante da ONU visitou a Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami, na zona rural de Boa Vista, ouviu relatos de lideranças indígenas e de integrantes de equipes de saúde que atuam na comunidade e de dirigentes das duas associações que representam essas populações, ouvindo claramente que “o plano do governo passado sempre foi de exterminar a população Yanomami”, daí ter incentivado a invasão de garimpeiros ilegais nas terras da reserva, envenenando a água e os alimentos, promovendo frequentes ameaças com homens fortemente armados, violentando mulheres, e criando as condições para que centenas de pessoas morressem, especialmente crianças, mulheres e idosos.

Anteriormente, outro documento/relatório do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), de 2021, revelava que o terceiro ano do governo de Jair Bolsonaro representou o agravamento de um cenário que já era muito difícil e indicou um crescimento absurdo em 15 dos 19 tipos de violência mapeados pelo corpo técnico desse conselho. Foram registrados 176 assassinatos de indígenas em 2021– apenas seis a menos que em 2020, o ano com o maior número de registros deste tipo de crime. Em 2021 registrou-se também o maior número de suicídios indígenas dos últimos oito anos, com 148 ocorrências. O número de crianças mortas por desnutrição passou de 500. O número de garimpeiros explorando as terras dos Yanomami ultrapassou de 20 mil.

INFORMAÇÕES INVERÍDICAS

Embora a invasão de garimpeiros às terras indígenas, com suas consequentes tragédias de mortes e violência também tenham sido as maiores, mais vigorosas e progressivas durante o governo passado, o ex-presidente Bolsonaro informou à ONU em maio de 2022, que os territórios indígenas estavam sendo protegidos.  Já naquele momento, o sistema ONU no Brasil lançou uma nota externando profunda preocupação com a situação do povo Yanomami, pois já ali o organismo internacional sabia que essas comunidades vinham sofrendo violência e que as respostas do governo à época eram inadequadas à realidade.

DECADÊNCIA CIVILIZATÓRIA

Isso se comprovaria em Janeiro de 2023, já sob o governo Lula, quando o mundo inteiro tomou conhecimento da enorme tragédia humanitária, levantando a suspeita de que as populações Yanomamis passavam por um processo de genocídio. É isso, agora, que a representante da ONU está investigando. Se comprovado, como tudo parece caminhar nesse sentido, o Brasil sofre uma vergonhosa decadência civilizatória, o que é uma lástima em pleno andamento do século 21.



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