Lutador de 20 anos perde parte do pulmão após uso de vape; saiba riscos

Aspirante a lutador perdeu parte do pulmão por uma necrose, após uso continuo de cigarro eletrônico

Estudo realizado pela Universidade de Nova York aponta que os cigarros eletrônicos podem, da mesma maneira que o tabaco comum, causar câncer de pulmão | Reprodução: Internet
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O aspirante a lutador britânico, Sean Tobin, de 20 anos, que sonha em ser lutador de MMA, passou por maus bocados no último mês de julho. O uso contínuo de um cigarro eletrônico, conhecido por grande maioria como vape, por mais de 5 anos, quando ainda era adolescente, quase o fez perder todo o pulmão. 

Foi realmente assustador, pois eu senti que acabei comigo mesmo. Foram anos sem tratar meus pulmões como eles deveriam ser tratados. Meu cardio era muito bom, eu era muito saudável e não deveria ter começado a fumar”, disse ao "Kennedy News and Media". Os sintomas surgiram quando o lutador começou a trabalhar como aprendiz de eletricista, em julho.

“Quando eu entrei numa van, senti como se tivesse distendido um músculo das minhas costas. A tensão ali foi enorme”, conta. De início, os médicos acreditaram que tudo se tratava de uma pneumonia, no entanto o rapaz logo foi encaminhado à uma emergência porque os sintomas começaram a piorar ao longo do dia. “O radiologista leu meu relatório, e eles disseram que eu tive um colapso pulmonar”, relembra.

Para aliviar os sintomas, os médicos fizeram uma incisão entre suas costelas e inseriram um tubo com o objetivo de expelir o ar preso que comprimia seu pulmão e tórax. Passados dois dias sem melhoras, eles resolveram levá-lo à uma cirurgia, e uma câmera mostrou que a cavidade torácica de Sean Tobin estava cheia de pontos pretos, o início de uma necrose.

Para reparar o dano, os médicos cortaram uma pequena parte do topo do seu pulmão e então o grampearam novamente. Em seguida, colaram o órgão afetado na parede do peito para evitar que entrasse em colapso novamente. Uma semana depois, o jovem recebeu alta do hospital e passou por um período de recuperação de um mês antes de poder retornar ao seu regime normal.

O episódio não atrapalhou apenas o sonho do jovem candidato a lutador, mas também a vida dele no dia a dia. “Não consigo levantar nada que pese mais de 20kg. Sou lutador de MMA e fiquei com muito medo de não conseguir mais treinar. Sou muito apaixonado por isso e quero viver disso um dia”, afirma. Apesar de ouvir dos médicos de que terá uma recuperação total, Sean Tobi lamenta o ocorrido, e admite que já tinha visto casos como o dele, mas não acreditava que viveria essa terrível experiência.

Os riscos do cigarro eletrônico

O cigarro eletrônico, pod ou vape podem fazer mal e os perigos que eles conferem à saúde das pessoas em geral e de atletas em particular, que incluem aumento do risco de câncer e de doenças cardiovasculares e pulmonares, além de doping. A comercialização, importação e propaganda de dispositivos eletrônicos de fumar (RDC nº 46/2009) está proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Documentos das Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Pneumologia e Oncologia possuem vários alertas sobre as manifestações clínicas do uso contínuo de vape.

9 riscos

  1. O cigarro eletrônico contém pelo menos 80 substâncias químicas, entre elas, a nicotina, que causa dependência, além propilenoglicol e glicerina vegetal, que produzem acetaldeído, substância associada ao reforço do poder de dependência da nicotina;
  2. O filamento aquecido dentro desses dispositivos é feito com metais, como níquel, latão, cobre e cromo, que são inalados conforme o líquido aquece e gera vapor. Portanto, fumantes de cigarro eletrônico têm níveis maiores de concentração de níquel no organismo, por exemplo, um carcinogênico grau 1, segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). Ou seja, o cigarro eletrônico pode causar câncer;
  3. O equipamento gera partículas ultrafinas que conseguem ultrapassar a barreira alveolar dos pulmões e ganhar a corrente sanguínea, aumentando os níveis de inflamação no corpo. Consequentemente, há lesão dos tecidos que cobrem os vasos (endotélio), deflagrando doenças cardiovasculares como síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e trombose.
  4. O uso do VAPE está ligado a outras síndromes como a EVALI (E-cigarette or vaping use-associated lung injury, em português "doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping"), uma doença respiratória aguda que cursa com tosse, falta de ar e dor no peito, sendo comuns também dores na barriga, vômitos e diarreias, além de febre, calafrios e perda de peso, podendo facilmente ser confundida apenas com um quadro gripal.
  5. A Evali pode causar ainda fibrose pulmonar, pneumonia e chegar à insuficiência respiratória. Observamos também início de bronquite asmática nos usuários e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  6. Alguns estudos ainda relatam piora de transtorno do humor, como ansiedade e depressão, pelo uso dos cigarros eletrônicos;
  7. No caso de atletas, o cigarro eletrônico pode causar sérios riscos, uma vez que atividades físicas em excesso são pró-inflamatórias e o vaping aumenta a inflamação;
  8. O vaping também contribui para a queda do desempenho esportivo, já que os pulmões ficam comprometidos;
  9. O pod ou vape contêm substâncias proibidas - e muitas vezes desconhecidas, já que não se pode ter certeza do que há nas formulações, pois não são regulamentadas pela Anvisa - e muitas podem configurar doping.


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