José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

Ciclones nos levam às questões climáticas e à negligência de gestores

Organismos internacionais dedicados às questões ambientais, têm feito reiterados alertas de que a destruição da natureza

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A passagem de um ciclone sobre Estados do Sul do país, com o trágico registro até agora de 32 mortes nos últimos dias, e uma maior  presença sobre o Rio Grande do Sul, deve servir de alerta para as alterações climáticas que têm ocorrido no Brasil. Em território gaúcho, essa é a maior tragédia natural das últimas quatro décadas, não apenas pelo número de mortos, mas pela duração do ciclone e por suas consequências materiais demolidoras. Somente em um município da região central do Estado – Muçum -, foram registrados 15 óbitos.  

Em junho deste ano, a passagem de um ciclone extratropical deixou 16 mortos e estragos em 40 cidades. Os óbitos se concentraram em cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre e no Litoral. O governo, na época, informou que a tragédia havia sido o pior desastre natural já registrado no estado. Infelizmente, esse ciclone de agora está sendo ainda mais mortal. 

ALERTAS 

Organismos internacionais dedicados às questões ambientais, têm feito reiterados alertas de que a destruição da natureza, os sistemáticos e desmatamentos ocorridos mundo afora, o comprometimento continuado de margens e leitos de rios e lagos, têm trazido drástica contribuição à elevação das temperaturas que, por sua vez, são determinantes para gerar desequilíbrios sobre sistemas, causando inundações, terremotos, ciclones e outras manifestações naturais danosas a todos os seres vivos, especialmente os humanos. 

O aumento das temperaturas ao longo do tempo está mudando os padrões climáticos e perturbando o equilíbrio da natureza. Isso representa muitos riscos para os seres humanos e todas as outras formas de vida na terra. Tempestades destrutivas têm se tornado mais intensas e frequentes em muitas regiões.  

Conforme as temperaturas aumentam, mais umidade evapora, agravando chuvas e inundações extremas e causando tempestades mais destrutivas. A frequência e a dimensão das tempestades tropicais também são afetadas pelo aquecimento do oceano. Ciclones, furacões e tufões se alimentam da água quente na superfície do oceano. Com frequência, essas tempestades destroem casas e comunidades, causando mortes e enormes perdas econômicas. 

Aqui mesmo no Brasil, o Centro nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) tem emitido comunicados sobre a ocorrência de eventos hidrológicos, trazendo enxurradas, alagamentos, deslizamentos de terras, chuvas e ventos desproporcionais às estruturas que Estados e Municípios foram até agora capazes de produzir. 

Estados do Sul têm sido palcos mais frequentes dessas tragédias, mas também no Sudeste, com destaque para Rio de Janeiro e Minas Gerais, e Estados do Nordeste, como se viu recentemente na Bahia, têm tido essas ocorrências geradoras de mortes humanas, incalculável destruição e permanente desassossego à vida das família.

As principais vítimas, notadamente, são aquelas postadas em áreas de risco, instalações e moradias precárias, construídas no alto de encostas, sob as vistas grossas de autoridades, de todas as esferas, que parecem indiferentes ao que está acontecendo de forma progressiva.  

IDENTIFICAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO

Um dos aspectos centrais, que vem sendo negligenciado quanto à identificação de áreas de riscos, como prevenção para o aparecimento de eventos destruidores como as inundações e os ciclones, é a gestão territorial que Estados e Municípios devem manter de maneira atualizada, implantando-se medidas de prevenção de desastres, principalmente quando são notoriamente previsíveis. Não dá para negligenciar sobre vidas humanas que estão em áreas inadequadas, impróprias. 

O Serviço Geológico do Brasil realiza há mais de uma década levantamentos para a obtenção de dados sobre áreas urbanas vulnerárias por todo o país. Ao longo desse período, foi possível ao serviço mapear mais de 1,6 mil cidades brasileiras, além de classificar 13,5 mil localidades. 

O levantamento realizado pelo órgão destaca que 4.078 áreas apresentam risco muito alto, o que corresponde a 30,04% do total. Já as de risco alto são 9.497, alcançando 69,96%. Entre os incidentes que representam maior perigo estão deslizamentos, inundações, erosão e enxurrada. Outro dado que merece destaque é o fato de mais de 3,9 milhões de pessoas estarem nas áreas de risco.  

Ironicamente, por estarem situadas nas áreas mais ricas do Brasil, os Estados com os índices mais preocupantes são Santa Catarina (com 2,9 mil áreas de risco), Minas Gerais (2,8 mil), Espirito Santo (1 mil), São Paulo (848). 

É impossível ao gestor público não ter interesse sobre esses elementos levantados, que indicam o problema em si, mas permite que se atue para eliminá-lo ou, ao mínimo, seja possível atenuar seus impactos. 

Fica, mais uma vez, a lição, por mais triste que seja.



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