José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

COP 28 termina sem dar resposta necessária às questões urgentes do clima

O que se esperava de reparação aos países pobres foi um verdadeiro fiasco

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Embora não tenha firmado posição sobre o fim dos combustíveis fósseis agora, nem determinado quando isso pode e deve acontecer, a COP 28, essa importante conferência do clima que acaba de ser realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, trouxe pelo menos uma concordância e uma recomendação em torno da necessidade urgente que os países invistam fortemente na transição energética, adotando políticas governamentais e privadas que façam a opção por fontes não poluentes.

Contrariados porque o texto final da COP 28 não cita a eliminação dos combustíveis fósseis, os ambientalistas, de algum modo, ficaram mais aliviados com a celebração de acordo entre os países participantes de assumir a triplicação da capacidade de energia renovável, a nível mundial, até o ano 2030, daqui, portanto, a pouco mais de seis anos.

O que se esperava de reparação aos países pobres, por parte dos países ricos, no que trata da liberação de recursos financeiros destinados à reparação ambiental aos estragos feitos mundo afora durante décadas, parece, isso sim, ter sido um verdadeiro fiasco. No total, os chamados “grandes” da governança mundial só chegaram a ofertar US$ 420 milhões para apoiar os países vulneráveis, afetados pelo aquecimento global, um valor vergonhoso se comparado ao compromisso assumido no Acordo de Paris, que garantiu transferir a esses países nada menos do que US$ 100 bilhões anuais até o ano de 2020, a partir de 2016, quando o acordo passou a vigorar.

ACORDO DE PARIS

O Acordo de Paris, assinado em 12 de dezembro de 2015, e ratificado em 12 de setembro de 2016, quando passou a vigorar de fato, trouxe a adesão de 195 países, mas nunca cumpriu suas metas, que vão além da liberação de US$ 100 bilhões anuais para os países pobres desenvolverem programas permanentes de restauração ambiental, e que envolveram outras metas importantes, a saber:

-reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025.

-Em sucessão, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030.

Tais metas se resumiam em manter a temperatura da Terra abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais. Esses compromissos nunca foram efetivamente desenvolvidos, o que levanta graves suspeitas de que as novas intenções, celebradas agora na COP 28,  dificilmente também merecerão o respeito de seus signatários.

A triste conclusão a que se chega, diante de um planeta Terra que está pegando fogo, vitimado pela elevação absurda das temperaturas e pelas consequências que isso tem trazido aos países nos mais diferentes recantos do mundo, é que governantes mundiais, especialmente os que desfrutam de poder econômico e liderança política, estão, literalmente, brincando com fogo, para usar uma expressão bem apropriada às atitudes de desrespeito diante de coisas graves.

PERDA DE TEMPO

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ocorrido em março deste ano de 2023, ao apresentar seu relatório síntese, jogava todas suas esperanças de que a Conferência de Dubai, a COP 28, que acaba de realizada entre 30 de novembro e 12 de dezembro, pudesse ser o fórum eficiente para definir as perdas e danos que vêm sendo causados pela mudança climática global. Ao alertar que os desastres naturais relacionados às brutais mudanças do clima estão atingindo especialmente as pessoas mais vulneráveis, os ecossistemas mais frágeis, como manguezais, áreas costeiras e semidesérticas, o IPCC esperava que as lideranças mundiais pudessem dar respostas firmes, sólidas e contundentes para o enfrentamento dessa tragédia crescente.

Não foi isso que aconteceu. Pelo visto, perdeu-se muito tempo e bastante esperança.



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